quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Reveillon

“Em vez de usar branco para atrair sorte em 2018, use o cérebro.”


Daniele Van-Lume Simões        28 de dezembro de 2017

O Ministério da Criatividade adverte:

Caros leitores,

Encerro a etapa de crônicas no blog Café com Pimenta é Refresco para iniciar uma nova, inspirada na urgência do momento atual que vivemos, seja político, econômico, profissional ou pessoal: Frases.
Não vou transformar o blog em twitter, até porque se quisesse, abria uma conta lá. Vou postar ideias, pensamentos, reflexões, frases, piadas, o que vier à mente, sem necessariamente desenvolver um texto. Assim, quero que você participe comigo e quero incentivar sua própria reflexão e conclusões. Quero liberdade. Para você e para mim.
Cada história é única. Escreva a sua.


Daniele Van-Lume Simões    28 de dezembro de 2017

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O limão e as caretas


Quando eu era criança e estava gripada ou com falta de vitamina C, era comum minha mãe colocar numa colher o sumo puro de um limão com um pouco de mel para eu tomar. Era tiro e queda, aliviava a dor de garganta na hora. Mas mesmo com o mel, o negócio era terrivelmente azedo, principalmente para o paladar infantil dos anos 80, que tudo era chiclé ploc, balinha xaxá e 7belo. Este último chegava a travar a mandíbula de tão doce.
Lembro que certa vez, como criança curiosa que fui, peguei um pedaço de limão de frente para o espelho e chupei só para ver a minha reação. A careta que fiz era muito engraçada. Me divertia com a espontaneidade das caretas, mesmo que para isso tivesse que sofrer um pouco. Não importava, o que era legal era ver como eu ficava ridícula com cada careta que eu fazia.
Hoje, as caretas não são tão visíveis. Hoje, as caretas são internas. Quantas pessoas sisudas vemos por aí, com cara de quem chupou limão azedo. Pessoas rancorosas que carregam uma careta interior que ninguém merece. São pessoas que reclamam de tudo: do tempo, da temperatura, de acordar cedo, de acordar tarde, da comida, do sono, da falta de sono, do feriado, da segunda-feira, de cólicas, da vida. São pessoas que vivem buscando azedar o dia dos outros, com um comentário maldoso, uma praga jogada, um resmungo inaudível. São pessoas que vivem de mimimi e por isso são extremamente cansativas. Se vitimizam. Bléééé pra elas.
Pessoas com careta interior são aquelas que esquecem de colocar um pouco de mel na sua colherada diária de limão. Ou de colocar um espelho na sua frente para que, na falta de mel, pelo menos tenha-se humor. 
É inevitável: todo dia teremos nossa dose de limão puro, ácido, que trava a garganta. A vida adulta é assim, cheia de limoeiros. Mas a escolha de azedar seus dias e dos outros ou de rir-se das caretas é sua.


Daniele Van-Lume Simões    14 de novembro de 2017

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A água e a vida


Hoje, numa conversa com meu marido, estávamos falando sobre pensamentos positivos e como isso influencia na nossa vida e soltei a frase: “Não podemos nos afogar em pensamentos ruins”. Caiu a ficha. Afogar pode ser usada em sentido literal.
Sem água não existiria vida aqui na Terra. Somos 70% de água e esse conselho dado por várias pessoas que conhecemos não é à toa, mas talvez elas não tenham entendido a verdadeira razão dele. Há um estudo científico de Masaru Emoto que afirma que os cristais de água se acumulam, assumindo formas bonitas ou feias, a depender da vibração sonora que o atinge. O som emite uma onda que vibra as moléculas de água e fazem elas se agruparem das mais variadas formas.
As orações transformam os cristais de água em verdadeiros vitrais, assim como as composições de Bach. Já a voz de Hitler faz com que os cristais de agrupem desordenadamente, de forma sombria. Palavras repetidas diversas vezes como amor, gratidão e esperança deixam os cristais parecidos com flores. Ameaças de morte e a palavra ódio deixam os cristais amorfos, pontiagudos, deformados, assim como os sentimentos ruins deformam nossa esperança, nossa fé, nosso coração.
O som é uma onda, bem como o pensamento. Ondas, essas últimas, que podem ser medidas em exames: a chamada atividade cerebral. E por ser uma onda, o pensamento mau é tão devastador quanto uma fala agressiva. Alimentar pensamentos ruins só faz a gente se afogar em nossa própria mágoa, em nossa própria água. Não os alimente.
Cultive pensamentos de paz, pensamentos de esperança, de coisas positivas e principalmente de gratidão. Agradeça pela sua vida a todo instante. Agradeça às oportunidades e a todo o aprendizado que você teve na sua vida, seja bom ou ruim. Ore muito, todos os dias, a todo instante. O cristal da oração é o mais bonito que existe. Transforme sentimentos e pensamentos maus em fé, em solidariedade. Não é fácil, mas também não é impossível. Transforme sua água em belos cristais. Transforme-se e seja feliz.


Daniele Van-Lume Simões                         30 de outubro de 2017

domingo, 24 de setembro de 2017

A paz


Tem uma música famosa que fala "A paz invadiu o meu coração...". É linda, mas utópica. A paz deveria invadir as atitudes. Essas sim, merecem um pouco mais de paz. O mundo anda cheio de ódio e rancor, mesmo com cada vez mais pessoas adeptas a ioga. Contraditório, não? Não. Você pode ser um mestre iogue que se você não praticar sua paz interior com atitudes, nada adiantará ficar de cabeça pra baixo por duas horas.
Quando ficamos mais velhos, mudamos os valores. Passamos a ser mais racionais e isso não é de todo ruim. Quando somos jovens queremos muito dinheiro para torrar no que quisermos, mas quando mais velhos queremos apenas um pouco de paz, "um lugar de mato verde para plantar e para colher" e relações sinceras, mesmo que contemos numa única mão a quantidade de pessoas que fazem parte da nossa vida significativamente. E este último, meu caro, não há dinheiro no mundo que compre. A paz está nas relações saudáveis e na simplicidade que você encara a vida.
Quando jovens, achamos que "o tempo não pára". Quanta inocência. Pára sim. Mas só se quisermos parar com ele. Pare para ver o pôr do sol, para para sentir a chuva molhar seus pés, pare para ouvir o canto de um pássaro. A vida continua acontecendo, segundo por segundo, mas como Einstein provou que o tempo é relativo, ele parece parar junto com a gente e se transformar numa pequena eternidade quando paramos para senti-lo. A paz pode estar em alguns segundos. Acho que Einstein gostava de pássaros...
A verdadeira paz não é aquilo que você dá na igreja ao desconhecido do lado. É aquilo que você sente e que externaliza, seja com uma voz mansa, seja com um gesto de gentileza, seja com um auxílio a quem precisa. E se for anônimo, te digo, maior será sua paz.
A paz é algo interior sim, mas que não deve ficar por aí. Precisa ser externalizada, praticada.
A paz é aquilo que falta em casa, quando tratamos mal as pessoas que mais deveríamos tratar bem: nossos pais, nossos filhos, nossos cônjuges... Não adianta ser um poço de educação da porta para fora, se a rispidez impera com quem você dorme todas as noites.
A paz tem que ser constantemente praticada... E como é difícil.
A paz é algo que, se parássemos de idealizar com bandeiras e pombas brancas, e assumíssemos nossa responsabilidade por cultivá-la com atitudes, deixaria de ser utopia para se transformar uma realidade cotidiana. E aí sim conheceríamos o verdadeiro significado de outra palavra: a justiça.
"Hoje eu só quero que o dia termine bem...". E em paz.

             Daniele Van-Lume Simões     24 de setembro de 2017



A inspiração

Faz tempo que não escrevo. Escrever é sazonal. Não acredito em escritores que têm inspiração constante com qualidade. É preciso de tempo para oxigenar as ideias, descobrir novas palavras e emoções, e principalmente, dar um tempo de se mostrar.
Para que um texto venha, é preciso cobrir-se às vezes, observar mais do que expor, calar mais do que falar, sentir mais do que pensar.
Hoje, depois de um tempo afastada, senti necessidade de colocar em meus dedos as minhas ideias. E cá estou eu, em um domingo de manhã ensolarada, escrevendo... Descobrindo-me.
E cada descoberta é um assombro. Como não pensei nisso antes? A graça da vida está em assombrar-se com as possibilidades.
Escrever crônicas não é racional. É emocional. Deixe as racionalidades para teses e artigos acadêmicos.
Aqui, tento colocar em palavras aquele espaço compreendido entre o que penso e o que sinto. Um espaço sem nome, mas de tanto significado. De tantas conexões com os leitores. Eles sabem de que espaço estou falando...
Um brinde às crônicas por preencher estes espaços, quando vazios, e por fazer das reflexões cotidianas algo profundo e assombroso.

Daniele Van-Lume Simões         24 de setembro de 2017


terça-feira, 18 de julho de 2017

Gratitude


Encasquetei com uma palavra há alguns dias: Gratitude. A tradução dela para o Português é Gratidão. Mas não sei por que, a versão inglesa me agrada mais.
Gratidão é você agradecer todos os dias pelas bênçãos que você recebe, desde as mais simples. Gratitude, embora signifique a mesma coisa, me lembra a junção de Gratidão com Atitude. E isso é bem diferente.
Falar, orar, meditar para agradecer muitos fazem, mas quando termina aquele momento, a vida volta a ser como antes. Ter a atitude de gratidão é viver de outra forma. É dar valor, com atitudes, a tudo o que você recebe de bom.
Como? É saborear seu almoço quentinho e oferecer um pedaço, é sentir o cheiro de café fresco e levar uma xícara para o colega que trabalha do seu lado, é se enrolar nas cobertas numa noite fria e cobrir seu par para protege-lo do frio, é ligar para alguém que você ama só para dar notícias, é dar uma palavra de conforto a quem precisa, é ser gentil com quem você não conhece, é calar em vez de fofocar, é respirar profundamente e sentir-se grato pela vida, é encarar um desafio no trabalho com boa vontade e determinação, é ler um trecho de um livro que você gosta e aprender algo pra vida, é colocar em prática seus dons – cozinhar, escrever, costurar, ensinar – e compartilhá-los com alguém, é dar um abraço em alguém que é importante para você, é exercitar a compreensão com atitudes incompreensíveis de outrem, é tomar um bom banho e uma dose de coragem para ganhar o mundo com alegria todas as manhãs, é usar sua melhor roupa e seu melhor perfume celebrando a vida, é fazer algo que você acredita, é fazer uma boa ação, é buscar evoluir através de gestos e atitudes. Perceba que em nenhuma dessas ações eu citei a palavra obrigado. O agradecimento veio por meio de atitudes: “Gratitude”.
O agradecimento não deve ser só falado, ele pode ser vivenciado, realizado. Claro que falar é muito importante, pois é através da fala que nos expressamos e através das orações, que refletimos e meditamos. Mas todas as palavras ditas e pensadas podem ir por água abaixo se não as vivenciamos em sua plenitude, se não as praticamos no nosso dia a dia. As palavras ditas perdem seu valor se simplesmente levamos uma vida omissa.
Há um Homem que vivenciou a Gratitude (na minha tradução) de uma forma ímpar: Jesus Cristo. Ele pregava, ele meditava, ele falava com todos. Mas ele não ficou somente nas palavras. Ele curava, ele fazia milagres, ele dava exemplos com suas ações, ele abria mão das coisas para ensinar o verdadeiro amor, ele respeitava a todos (até mesmo quem queria seu mal), ele agia em nome do bem e pelo bem. Ele foi grato por cada minuto de vida e por isso, nos ensinou a coisa mais valiosa que existe: o amor é grandioso. E ele era grato por conhecer o verdadeiro amor em sua plenitude, que vem de Deus. 
A atitude de ser grato extrapola as palavras. Para agir com Gratidão é preciso Coragem de fazer a diferença. Pessoas que agem com Gratidão são fortes – por isso são verdadeiramente especiais.

Daniele Van-Lume Simões    18 de julho de 2017


Surpresa!


Semana passada, tive uma surpresa que vou guardar com carinho pelo resto da vida. Mudei de Departamento no local que trabalho e três amigas e eu marcamos de tomar um caldo no meio da semana, após o expediente para botarmos a conversa em dia.
Nada demais, trivial. Seria um encontro para botarmos o papo em dia e dar algumas risadas. Se não fosse uma singela homenagem que essas três me fizeram. Surpresa! Recebi uma cesta linda de produtos de beleza de uma das minhas lojas favoritas da vida, além de um livro maravilhoso e o mais especial de tudo: um cartão.
Nossa, há quanto tempo não recebia um cartão de uma amiga? Nem lembro mais. O cartão foi o mais significativo, pois ali estavam expressadas palavras que nunca dissemos uma a outra. Ali tinha carinho, torcida, companheirismo, gratidão e cumplicidade. Ali, vi que não estava sozinha num ambiente que normalmente costuma ser frio e marcado por competições e puxadas de tapetes. Ali vi que a amizade é uma das coisas mais importantes que existe. Não tenha muitos amigos, tenha BONS amigos. Amigos que te estendam a mão, sem que seja necessário pedir.
A noite foi ótima, com muitas risadas e alguns drinques. E essas três, que antes já faziam parte da minha vida de alguma forma, entraram em definitivo nas lembranças que vou levar para o resto da vida. Foi uma surpresa e tanto que a vida me proporcionou e sou grata por isso.
Obrigada Thayssa, Rayana e Natália por fazerem parte da minha vida. Obrigada pela generosidade e palavras de apoio e carinho quando precisei. E o mais importante: Obrigada por renovarem minha fé no ser humano.


Daniele Van-Lume Simões    18 de julho de 2017

Para tudo


Muitas vezes achamos que somos de ferro. Passamos 8h em reuniões, fazemos faxina, cozinhamos, tudo isso num dia só e quando chega 23h, chega também o aviso: Para tudo. Pegue leve. O corpo fala.
O aviso não vem de familiares, de colegas de trabalho, não. Vem do seu corpo. Recebi um desses semana passada. No auge da empolgação e produção, meu corpo não falou, gritou em alto e bom som: Pare! Doeu muito! Bem-feito.
A coluna travou e uma sexta-feira que seria produtiva no trabalho, foi tomando medicações fortes, que me deixaram grogue e fazendo exames. Repouso absoluto. Sensação de impotência. Não há o que fazer, a não ser respeitar meu limite.
E olha que o limite foi curto. Quatro dias em casa, sem poder ficar muito tempo sentada, sem conseguir fazer as coisas direito, me fez pensar muita coisa. A sensação de impotência foi se dissipando quando resolvi ouvir um pouco meu corpo.
Quanto corremos todos os dias para fazer todas as tarefas possíveis, numa vã tentativa de resolver as dores do mundo? O que ganhamos com isso? Te digo, uma bela dor nas costas.
Quanto nos importamos, ficamos tensos, nos preocupamos com coisas que são de fácil resolução ou pior, que as pessoas nem valorizam tanto, mas que nossa mania de perfeição faz com que nunca achemos que foi o suficiente? E quando vimos, as coisas foram resolvidas sem sua presença. Você estava no hospital.
Quantas vezes esquecemos da nossa saúde física e mental, de espairecer, de olhar a natureza, de contemplar um pôr do sol no meio da semana, de estarmos com quem amamos, por falta de tempo? Ou melhor, de prioridades? Você não casou com um relatório, nem jurou amor a uma faxina na casa.
Aprender a priorizar o que você vai se lembrar para o resto da vida é uma das coisas mais difíceis de pôr em prática. Já vi pessoas nostálgicas lembrando de um pôr do sol belíssimo que assistiram junto ao seu amor, mas nunca vi ninguém lembrando com saudosismo de um relatório que entregou ao chefe 20 anos trás. Mesmo assim, insistimos nos relatórios, nas metas, nas obrigações diárias (e que por serem chamadas de diárias, nunca terão fim, a menos que a morte venha). Insistimos no estresse, na correria, na falta de prioridades. Insistimos em não ouvir nosso corpo, e o mais grave, de não ouvir nosso coração.
Vejam bem, não estou defendendo que devemos ser irresponsáveis no trabalho nem relapso com as coisas de casa, estou falando que não devemos ocupar nosso tempo inteiro apenas de obrigações que você não vai lembrar quando estiver no leito de morte. Nem que seja 5 minutos do seu dia, abrace quem você ama, ligue para seus pais ou seus filhos, mande uma mensagem para uma amiga distante, olhe a lua e suas fases. É disso que você vai lembrar, se tiver a sorte de ter se permitido vivenciar.
Às vezes, por mais dolorido que seja, é bom parar. O mundo não para por sua causa e você, que se julgava indispensável, vê que tudo está funcionando normalmente. Você é só mais uma peça do quebra cabeça que é a vida, que pode até ficar incompleto, mas não vai impedir de que as pessoas vejam o todo e identifiquem a paisagem. É só um buraquinho que falta. Ficou feia esta analogia, mas é isso mesmo. Você, out, é só um buraquinho vazio num quebra cabeça de 3 mil peças.
Parei por 5 dias e minha racionalidade está morrendo de medo de ter que parar por mais, mas vou respeitar meu corpo e as ordens médicas.
Mas tudo isso me trouxe uma lição, que no fundo já sabia: Aprendi que nem sempre o que priorizamos é o que faz a diferença.
E tenho certeza, hoje o pôr do sol será espetacular.


Daniele Van-Lume Simões        18 de julho de 2017

terça-feira, 11 de julho de 2017

Superação


Sempre admirei a capacidade que o ser humano tem de se reinventar. Seja em momentos de crise, seja em momentos de inspiração, todos nós temos esse poder interno, mas poucos são os que o conhecem e fazem uso dele.
Uma pessoa que sempre me vem à mente quando o tema é superação é o premiado pesquisador Stephen Hawking. Ele desenvolveu uma doença autoimune chamada de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que limita os movimentos da musculatura estriada esquelética e vive em uma cadeira de rodas. Não consegue falar, comer ou até mesmo respirar sem auxílio mecânico.
Hoje, ele que poderia estar vivendo uma vida quase vegetativa, escolheu não se acomodar. Foi professor de matemática da Universidade de Cambridge durante 30 anos, ocupando a cadeira que foi de Isaac Newton e atualmente é pesquisador de renomadas comunidades científicas europeias.
Quem assistiu ao filme chamado “A teoria de tudo”, que falava sobre a vida de Hawking, teve uma pequena noção de quantas vezes ele precisou se superar. Seja no casamento, seja fisicamente, seja academicamente. Quantas vezes as pessoas não acreditavam na capacidade dele e ele foi lá e provou que conseguia. A maior limitação que alguém pode ter não é a física, é a emocional. Pois é a partir do controle emocional que conseguimos desenvolver habilidades intelectuais.
Na vida, estudamos e recebemos vários diplomas: graduação, mestrado, doutorado, mas pouco ou quase nada é falado sobre a importância de manter sob controle suas emoções, especialmente as negativas, especialmente o medo. Este último paralisa até mesmo quem tem um corpo "perfeito". Não há diploma de controle emocional nem de domínio do medo, mas são essas atitudes que fazem alguém ir mais longe do que acreditava que iria. É controlando o seu medo que faz com que seu corpo reaja e sua mente consiga raciocinar e produzir.
Stephen conseguiu dominar o medo e o mundo. Deixou cientistas embasbacados com tamanha complexidade de suas teorias e que são explicadas de uma forma razoavelmente simples em seus livros – é o dom do magistério. Cientista nato. Brilhante.
Olho para o exemplo de Hawking de um lado e do outro vejo pessoas que não conseguem dar um passo à frente, mesmo com duas pernas saudáveis. Ao contrário, vivem andando para trás e se auto sabotando. Repetindo para si mesmas que não conseguem. Vejo pessoas que se julgam incapazes de crescer e progredir porque se acham feias, ou porque são gordas, ou porque não tiveram estudo ou dinheiro. Transferem seus medos para características físicas ou sociais.
Claro que ter acesso a estudo de qualidade e ter dinheiro são facilitadores para atingir seus objetivos, mas não é imperativo. Tem gente que tem tudo isso e fracassa. Tudo depende da forma que controlamos nossos medos e o nosso crescimento é proporcional à nossa ousadia em arriscar. Ousadia não é sinônimo de irresponsabilidade – isso é o que te disseram para te manterem sob controle.
Ao controlar nossos medos, ficamos fortalecidos para não nos deixarmos abater pela crítica alheia nem por nossas imaginárias limitações. Ao controlar nossos os medos, conseguimos ir mais longe do que jamais imaginamos ser possível. Não deixe que te façam acreditar que você é incapaz de algo, tampouco auto sabote-se.
A maior e mais poderosa ferramenta que existe é o cérebro. Não é indicação profissional ou política, não é quem você conhece, não é quanto dinheiro você tem na conta. Claro que tudo o que citei é facilitador para o sucesso, mas não é o motivo dele. Estude, especialize-se, acredite em suas ideias, lute pelos seus sonhos e principalmente, não se imponha limites! A pior limitação é aquela que acreditamos ter. Supere-a. Viva a vida que você acredita que merece. Não é fácil, mas é totalmente libertador.

Daniele Van-Lume Simões            11 de julho de 2017



segunda-feira, 26 de junho de 2017

As palavras e a magia


As palavras são instrumentos poderosos. Podem ferir ou consolar, podem humilhar ou afagar. Podem abrir feridas ou curá-las. Podem ser o que há de melhor em nós – ou o pior, pois as palavras e os pensamentos andam de mãos dadas, como um casal apaixonado. As palavras são mágicas, pois podem provocar o que elas quiserem em que as lê ou as escuta. Quase possuem vida própria, depois de libertadas.
E é nesse encanto todo que as palavras possuem que me recordo da minha infância. Quando era criança, uma das minhas comidas prediletas era sopa de letrinhas. Acho que nem existe mais isso, tudo está menos lúdico e mais tecnológico. Daqui a pouco, inventarão sopa de tablet. O fato é que toda sexta-feira, minha mãe fazia a tal sopa de letrinhas. Um prato fundo de imaginação e com cheirinho de galinha caipira. Desde a sopa da sexta-feira, as palavras já me encantavam. Ficava brincando de formar palavras na borda do prato e quanto maior a palavra, melhor! Não importava o seu significado. Mas tenho uma frustração: nunca conseguir formar “otorrinolaringologista”. As sopas de antigamente não eram tão complexas.
Quando somos criança, palavra boa é palavra nova e grande. Desperta a curiosidade, atiça a imaginação. Quando adultos, palavra boa é aquela que acolhe, seja o ouvinte/leitor, seja nós mesmos. É aquela que desperta os melhores sentimentos. O tamanho da palavra pouco importa, seu significado é o seu real valor.
Quem inventou a primeira palavra, não era apenas sábio. Era um mágico inspirado por Deus. Entendia da magia das palavras e do milagre da comunicação. Entendia a alegria que era uma criança expressar sua curiosidade por meio delas, ou o alívio de um adulto ao expressar seus sentimentos.
E é uma pena que para muitos, hoje em dia, a palavra valha tão pouco e seja tão mal empregada. Erram na escrita. Abreviam tudo. Esquecem-se da sua magia e da melhor forma de utilizá-las: fazendo alguém feliz.

Daniele Van-Lume Simões               26 de junho de 2017


quinta-feira, 22 de junho de 2017

A ausência e seu significado


Algumas pessoas ultimamente vieram, preocupadas, me perguntar se eu estou bem, só porque eu estive ausente alguns dias. Estive ausente por várias razões: férias, viagens a trabalho, outras coisas interessantes na vida para fazer e porque justamente isso, estou bem. Sim, estou bem e não o contrário.
Sempre associamos a ausência de alguém a algo ruim, o que não é verdade. Ausência só é ruim quando é de alguém que amamos e que nunca mais veremos – a morte nos ensina isso da forma mais dolorosa. As outras ausências não. São até boas. Quer coisa mais bacana que um reencontro com uma amiga de infância que não vê há décadas?
Num mundo onde tudo que é feito é postado no instagram e que vida perfeita você encontra logo ali no facebook, uma pessoa que não tem uma coisa ou outra e ainda “some” fisicamente só pode estar fodida, hahaha. Acho é graça!
Quantas ideias preconcebidas de vida perfeita. Do que é estar bem ou sentir-se bem. Para estar bem, é necessário mostrar que comeu algo gostoso, ou a roupa bacana que você colocou ou postar todas as fotos de uma viagem que fez? Estar bem é bater ponto às 7h da manhã de segunda a sexta e só largar às 18h, porque se você sair às 16h vão achar que você se sentiu mal? Estar bem é escrever todos os dias em grupos de whatsapp e se você some só pode estar gorda, doente ou com dívidas?
Para mim, estar bem é me sentir em paz com minha consciência. É ficar em silêncio sem obrigação de dar um pio. É olhar a paisagem do caminho do trabalho, ou da viagem pensando em nada ou no que vou cozinhar. É chegar à minha casa e comer algo gostoso e caseiro feito por mim. É trabalhar o suficiente, porque quem fica das 7 às 19h para conseguir fechar uma tarefa diária das duas uma, ou é plantonista ou é incompetente. Estar bem é ter poucos, mas bons amigos. É aproveitar cada momento com seu amor. É não me cobrar para aparecer ou me exibir, seja no trabalho, seja no blog, seja no whatsapp. Estar bem é ter a certeza que tudo vai dar certo. Como sempre deu, no final das contas. Estar bem é sumir um pouco, para reencontrar-se. É conectar-se com Deus e agradecer em pensamento por cada momento vivido do dia e da vida. Estar bem é dormir 8h de sono à noite e é voltar para casa com vontade de não estar em mais nenhum outro lugar do mundo que não seja lá.
Estar bem é se ausentar de tudo o que é supérfluo e gastar sua energia só com o que importa. Portanto, quando você encontrar alguém que sumiu, acredite que ela pode estar bem  e feliz – e ninguém sabe.


Daniele Van-Lume Simões             22 de junho de 2017

O lugar das pessoas e a incompetência

Dizem por aí que as pessoas não se colocam umas nos lugares das outras, mas isso é uma inverdade. Colocam-se demais, até sem serem chamadas para ocupá-los. Por isso o mundo está esta zona. Um passando a perna no outro, brigando por espaço, principalmente profissional.
Sempre busquei meu crescimento profissional baseado em meritocracia. Mas em vez de méritos próprios, alguns buscam tentando provar que o outro é incompetente, e acabam dando um tiro no próprio pé. É o caminho mais cômodo, porque não existe esforço pessoal em aprender, em estudar, em produzir de verdade – apenas o esforço em provar que o que o outro fez não foi bom (mesmo que para isso as informações divulgadas para Deus e o mundo sejam mentirosas).
Vejo pessoas passando por isso. Eu já passei por isso – e num passado não tão distante. Passei num concurso que sempre quis por mérito. Abdiquei de inúmeros finais de semana de praia/lazer para estudar. Dediquei, além dos 4 anos de faculdade, mais 6 anos na minha formação, entre mestrado e doutorado e outros cursos complementares. E hoje, vejo pessoas querendo prejudicar outras para ver se o brilho de alguém respinga nelas acidentalmente. Contentam-se com uma faísca, em vez da fogueira.
Só que a vida não é um eterno São João, e a faísca, muitas vezes, não respinga e rende fogo e brilho. Fica feio. É de uma baixeza sem tamanho que podem até demorar em perceberem, mas a máscara cai em algum momento. Alguns sentem nojo deste tipo de criatura, eu só sinto pena. Não acredito que uma pessoa assim pode ser feliz na vida sem um propósito seu, que não seja passar por cima dos outros. Basta uma reunião mais aprofundada para perceber que a pessoa não domina o que fala e mal sabe o que diz (ou escreve).
A este tipo de gente, não desejo mal. Desejo sim muitos trabalhos, muitas oficinas, muitas reuniões, muitas mesas redondas, muitas palestras. Não tenho dúvidas que com tantas oportunidades, a incompetência certamente será provada – só que não a minha.

Daniele Van-Lume Simões          22 de junho de 2017





sexta-feira, 2 de junho de 2017

Os caciques e as tribos

Cargos de poder são disputados desde a humanidade tem consciência de sua existência. Há milênios, imperadores, reis, caciques, presidentes, ditadores lutam pelo poder de decidir a vida dos outros. Digamos que é uma fofoca em larga escala, só que na prática. Mas não precisamos ir tão longe. Basta ir ao trabalho. Enquanto alguns querem ser chefes, lutam pelo poder de influenciar – ou pior, mandar – nas pessoas eu só queria mesmo era ser ryca. Para assistir a essa palhaçada toda de longe – e de camarote. Com um Chandon. Salut.
Tenho percebido que mesmo com a diminuição da quantidade de tribos no Brasil, a quantidade de “caciques” só aumenta.
Os ianomâmis que se cuidem. A concorrência está forte. Daqui a pouco estarão de sapato social. É muito cacique pra pouca tribo.


Daniele Van-Lume Simões    02 de junho de 2017

Julgamentos pessoais


As pessoas normalmente julgam. Nasceram juízes. Julgam sua roupa, seu sapato, seu carro, sua escolaridade, seus modos. Desde crianças julgamos. A primeira pergunta na escola é: Qual o carro do seu pai? Afinal, querem saber qual o pai mais rico para discriminar o filho do pai mais pobre. Criança não entende de carro, mas desde cedo entende que vai passar por isso a vida inteira.
Sempre fui julgada. Primeiro por ser filha única. Mimada, chata, egoísta são alguns dos adjetivos que sempre me colocaram sem me conhecer. Quase ninguém sabe da minha história nem o quanto lutei para chegar até onde cheguei. Ninguém sabe quantos fins de semana abri mão para estudar, trabalhar, correr atrás dos meus sonhos. Nem vão saber. Minhas contas são pagas por mim. Arrogância? Que seja. Eu chamo de discrição. Ouvi recentemente de um professor da Johns Hopkins: -Achei que você era chata, mas você é legal. E em espanhol. Eu apenas sorri. Julgamentos alheios não escolhem nacionalidade. É um mal universal.
Na adolescência fui julgada por ser gorda, por ser CDF (nerd hoje em dia), por ser tímida. Tinha vergonha de falar com pessoas que não conhecia e por isso me julgavam metida. Não era, era apenas timidez. Tinha vergonha até de dizer pros meus pais o quanto os amo. Perdi 20 anos calada, sem expressar meus sentimentos para as pessoas mais importantes da minha vida. Ainda bem que hoje eu tenho 34. Tem 14 anos que eles sabem disso.
Quando escolhi a faculdade que queria fazer, fui julgada porque não fiz medicina ou direito pela família, pelos amigos, até pelo coordenador da escola. “Você é capaz de passar em medicina”. E eu pensava: “Eu sei”. Mas eu queria ser cientista, conhecer moléculas, os genes, a imunopatologia das doenças. Fui julgada por querer ser cientista. Engoli os julgamentos e fiz meu curso, meu mestrado, meu doutorado. Sou nerd mesmo e daí? Isso não é defeito, é apenas um modo de viver.
Já fui julgada por ser mulher. Já fui julgada porque sou vaidosa. Acham-me fútil. Não ligo. Sou vaidosa, adoro meus sapatos, minhas maquiagens e minhas máscaras de argila. Adoro ficar a cara do Shrek, para depois ter uma pele de seda. Divirto-me com isso. E com tantos julgamentos, aprendi a ligar o foda-se, enquanto passo minha máscara.
Hoje não é diferente. Tenho meu trabalho, meu casamento, minha casa e continuo sendo julgada. Os julgamentos são pessoais. Vêm de todos os lados. Discussão no campo das ideias não existe. O ataque é pessoal. Ah, Schopenhauer... há três séculos você já sabia disso. As pessoas andam donas da verdade e eu, claro, estou errada. E isso é verbalizado. Respeito com a opinião ou o trabalho alheio andam em falta. As pessoas estão agressivas, cheias de razão, cheias de si. Enquanto ofendem, eu acho graça. E acho que se ocupam tanto com julgamentos alheios exatamente por isso: andam cheias de si. Deve ser insuportável ser um juiz sem causa.
E eu? Bom, eu estou muito ocupada. Cuidado da minha vida e do que realmente importa. E ligando o dane-se para os juízes da minha vida.

Daniele Van-Lume Simões      02 de junho de 2017


domingo, 14 de maio de 2017

A mãe de novela e a minha mãe


Hoje é dia das mães. Estou longe da minha porque estou morando em outra região. Nessas horas queria estar perto e lembro-me de todas as vezes que estive e fiquei trancada no meu quarto.
Sempre quis uma mãe de novela. Daquelas que tomam café com o filho todas as manhãs, daquelas que o filho faz merda e em vez de uma surra, ela vai conversar calmamente, daquelas sorridentes, cultas e sábias, com cara de estrela de Hollywood ou de novela do Manoel Carlos. Mas essas daí não seriam minha mãe.
Minha mãe não fazia meu café desde os meus dez anos. E se eu fizesse merda, não tinha nem papo, era surra e castigo. Na minha época, isso não só era normal, como era o mais acertado. Também não tinha cara de estrela de novela, embora seja bonita até hoje, mas nunca conseguiu emagrecer e vivia lutando com isso.
Minha mãe não é perfeita, mas é real. O sorriso dela não é falso, pelo contrário, ela fala as coisas na cara. Ela às vezes se comporta como filha e quantas vezes já me senti responsável por sua tristeza. Mas não sou. Nossas escolhas e modo de vida só cabem a nós mesmos e ninguém tem culpa disso.
Minha mãe sempre foi exigente, em vez de compreensiva. Sempre foi meio dramática, em vez de ponderada. Sempre foi braba, em vez de tranquila. Minha mãe não é de novela. É da vida real, como muitas mães que estão lendo este texto. Como a mãe da maioria de vocês.
Mesmo assim, é a minha mãe e eu sinto falta de estar ao seu lado quando ela precisa. Eu sinto falta de almoçar hoje com ela. Eu sinto falta de dizer que a amo.
Se você tem sua mãe perto, mesmo que ela não seja de novela, valorize-a. Ela é um ser humano que precisa de carinho, atenção, não de canonização. Mães não são anjos. Mães são mães. Têm defeitos e virtudes. Guarde na memória as virtudes. Perdoe os defeitos.
A vida é muito curta para alimentarmos sentimentos ruins. As mães não são eternas. Antes que a sua vá embora, diga que a ama, independente dos seus erros. Elas não são da novela das nove, que podem ser reprisadas. Elas são da vida real. E a vida real não tem reprises.

Daniele Van-Lume Simões      14 de maio de 2017


sexta-feira, 12 de maio de 2017

Aqui jaz o Português


Não sou uma "expert" na língua portuguesa, mas sempre me esforcei para aprender como escrever corretamente, além de falar, claro.
Se o português morreu, a internet foi o cemitério. Nunca vi tantos erros como tenho visto ultimamente: em e-mails, em matérias de sites famosos, em WhatsApp. Nesse último é um show de horrores.
Mim não conjuga verbo. “Para mim fazer” não existe, a menos que você seja de alguma tribo indígena isolada na fronteira com a Guiana. Também não existe "você mim enche de orgulho". Desse jeito, é só desgosto!!! Você ME enche o saco escrevendo MIM onde não deve, sabia?
Vai dar para eu ir e não "vai dá para eu ir". Quantos verbos foram assassinados brutalmente depois de terem o "r" furtado de suas escritas? Dói, gente, até na alma.
Fora quando dizem que vão "concertar", em vez de consertar... A internet anda cheia de Mozarts e Chopins. Nunca vi igual.
E o famoso "a gente vamos?". A gente vai ou nós vamos. A gente só encontra verbo no plural na música do ultraje a rigor... "Inútil, a gente somos inútil!!!". E alguns são mesmo.
E quando em vez de "a gente", escreve-se "agente"? Agente, meu bem, só se for da polícia.
Fora os absurdos quando trocam letras, põem acentos errados, "comem letras" no "por favor" (pf), "com licença" (com lça) e "obrigado" (obg)... aleijam a gramática. Coitada.
Faz tempo que perdi a paciência com quem comete erros idiotas de português por pura preguiça de estudar.
Se eu soubesse que seria assim hoje, nunca teria achado ruim ler Machado de Assis no ginásio...
Eu era feliz e não sabia!

Daniele Van-Lume Simões     12 de maio de 2017


quarta-feira, 10 de maio de 2017

O banho da alma


Faz tempo que não escrevo. Mais de uma semana talvez. Hoje acordei e fui tomar banho, como faço normalmente todos os dias antes de ir trabalhar. Quem me conhece sabe que eu amo tomar banho com meus produtos naturais. É uma forma de renovar minhas energias, limpar a pele com suavidade, me sentir leve.
Depois do banho, pensei que deveria existir também um banho para a alma. Tirar a sujeira da alma e do coração, como a tiramos do corpo. As pessoas andam cheirosas por aí, mas o coração é podre e a mente é suja. A bondade é algo cada vez mais raro de se ver e de sentir.
Vemos atitudes hipócritas, de pessoas que querem parecer do bem, sendo que são imundas por dentro, sujas pelo deboche, mau caratismo e julgamentos infundados. São pessoas que querem parecer solícitas, até chegam cheirosas aonde vão, mas por dentro se roem na inveja e nos maus pensamentos. São pessoas que mereciam um banho de verdade, só que na alma.
Infelizmente, só existe banho para o corpo. Infelizmente, só vemos limpo o exterior das pessoas que nos cercam, porque o que elas trazem dentro de si, muitas vezes, não é mostrado. É sujo.
E depois dessa reflexão, fui me vestir e trabalhar, com o corpo e a mente limpos. De alma lavada.


Daniele Van-Lume Simões    10 de maio de 2015

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Janela aberta e o sucesso


Já é quase meia noite e estou em frente ao computador, com uma taça de vinho ao lado e uma janela aberta do outro. Perdi o sono. Faz tempo que ando com insônia, mas isso é tema para uma terapia, não uma crônica. Olho para a rua e silêncio. Todos estão dormindo, exceto um carro ou outro que passa. Penso nas pessoas dormindo tranquilamente, que inveja. Penso aonde as pessoas dos carros estão indo. Será para casa? Para o hospital? Para um bar? Não importa. O que importa mesmo é a minha janela. Aberta.
Muitas pessoas só precisam disso, uma janela aberta. Uma oportunidade para mostrarem o seu talento, seu trabalho, sua vocação. Uma oportunidade para enxergarem uma oportunidade. Uma corrente de ar fresco para respirar e renovar as ideias, inovar. No entanto, vem um vento gélido, que te lembra que lá fora é um mundo cruel. Não quer saber se você tem agasalho. A janela está aberta. Mas a porta ainda está fechada. Se isso é bom? Depende da sua coragem.
Para olhar pela janela é preciso coragem. Podemos ver o que não gostamos ou queremos. Podemos ver também a natureza, em toda a sua plenitude. Os pássaros, as cores, os caminhos. A forma que vemos as coisas independe do tamanho da janela. São muitos caminhos lá fora, mas precisamos antes olhar pela janela para ter ideia do que nos espera. Precisamos olhar pela janela para decidirmos se abrimos a porta e saímos. Enquanto aos caminhos, só saberemos onde vão dar se além da janela, a porta também estiver aberta.
E se sairmos, enfrentaremos o que nos espera. Escolheremos um caminho para seguir e poderemos mudar sempre que acharmos necessário. Participaremos da roda viva que é a vida. Não existe um só caminho, mas nenhum caminho que escolher te leva ao sucesso se não passar por muito trabalho, barreiras vencidas e amadurecimento. O caminho pode até nem ser longo, mas sempre será árduo. Só assim se alcança o sucesso e a realização duradouros, seja pessoal, seja profissional. Com trabalho, foco e dedicação no caminho. Não sejamos meros espectadores de uma janela aberta. Go out!


Daniele Van-Lume Simões    01 de maio de 2017.


domingo, 30 de abril de 2017

Café fresco e a manhã de domingo


Um dos cheiros que mais gosto é de café fresco. Ele lembra aconchego, infância, casa de vó. Cheiro de café fresco me dá paz, é quase uma meditação olfativa. E uma das coisas mais felizes da minha vida é acordar com cheiro de café fresco feito pelo meu marido.
O café está na nossa cultura há séculos. Ele acorda o corpo e a alma. Aquece as ideias. Traz uma sensação de acolhimento que bebida nenhuma outra traz. Nem o chá. Esta última também traz sensação de acolhimento, mas só quando estou resfriada. Rs.
O momento mais feliz da minha semana é o domingo de manhã quando está frio, porém com sol, e coloco um pedaço de canela em pau minha xícara de café recém coado. Os aromas, os sabores, isso é vida!
Amo café espresso também. Mas esse é muito "executivo", muito moderno, é para depois do almoço ou para encerrar um delicioso jantar. De manhã não. De manhã tem que ter carinho, afeto no seu café. O café tem que ter emoção, trazer sua memória olfativa e gustativa à tona nas mais lindas lembranças. Café é amor.
Lembrei de uma música de Chico Buarque chamada "Com açúcar, com afeto". Para mim, toda manhã de domingo é "Com café, com afeto".
Estou aqui tomando meu café com um pedaço de canela em pau numa manhã de domingo ensolarada e fresca.
E o seu domingo? Tem sabor de que?

Daniele Van-Lume Simões      30 de abril de 2017


quarta-feira, 26 de abril de 2017

Tempo, mano velho


Ontem assisti a um dos meus programas prediletos, por incrível que pareça na TV aberta, o MasterChef Brasil, que me deu uma profunda lição sobre a importância do tempo.
Não porque fui dormir quase 2h da manhã e hoje estou caindo de sono, não. Mas sim porque este danado é implacável com todos. O eliminado da noite não foi embora por causa da qualidade da sua comida, nem porque trocou o sal por açúcar ou mandou algum jurado para aquele lugar e sim porque não respeitou o senhor dos senhores: o tempo.
Este sim reina absoluto entre nós, mesmo já tendo sido provado que ele é relativo. Sabe aqueles 15 minutos de atraso clássico do brasileiro, que você, que eu, costumamos usufruir sem dor na consciência? Pois é, é péssimo. Em locais onde a educação é a regra, não a exceção, e que todos se respeitam minimamente isso não existe. Veja a Suíça, a Dinamarca, a Inglaterra. Ninguém faz você perder seu tempo esperando por alguém, pois ele é respeitado, valorizado. São 15 minutos que você poderia ter gasto dormindo, fazendo meditação, tomando café da manhã com a família, lendo uma crônica como esta. Não esperando, não refém de uma pessoa que se acha no direito de usurpar seu precioso tempo. Ele não volta. Cada minuto perdido é minuto gasto.
O participante do MasterChef foi eliminado porque não usou seu tempo adequadamente, porque não conseguiu executar dois pratos e entregou somente um, mesmo os dois sendo iguais. Aí você pensa: “Injusto isso, a comida dele estava melhor”. Não senhor, não é injusto. Todos os outros participantes entregaram os dois pratos, respeitaram o tempo, os convidados, as regras. Não ter respeito pelo tempo alheio é algo muito grave e que só ontem percebi como fui egoísta quando fiz os outros perderem seu tempo por minha causa.
Tão importante quanto a quantidade de tempo gasto com alguma coisa ou alguém, é a qualidade dele. O que você faz do seu tempo disponível? Como você trabalha? Como você usa as horas de folga, quando não há compromissos? Você faz o que realmente quer?
Que a vida é curta, que o tempo, além de relativo, não volta, todo mundo sabe. Só precisamos aprender a respeitá-lo. Quem sabe assim, conseguiremos, de fato, também respeitar as pessoas antes que seja tarde. Game over.


Daniele Van-Lume Simões  26 de abril de 2017

domingo, 23 de abril de 2017

A leveza do voo


Ultimamente, tenho andado pesada, polêmica. Também, pudera, é política, é desemprego, é notícia ruim todo dia e todo instante na internet e na TV, é ataque terrorista, é cansaço misturado com desesperança, é gente passando a perna na gente, é uma certa melancolia e tristeza. É tanta coisa que mina com o sentimento pleno e de completude da felicidade, que acho que nos condicionamos a achar normal não ter alegrias. Ou até tê-las, mas não nos permitirmos senti-las, vivencia-las.
Vivo falando que a vida é simples - e é mesmo. Estava pensando sobre isso enquanto enchia uma garrafa de água na cozinha para aplacar o calor do Planalto Central, e uma minúscula borboleta pousou na minha janela. Pequena, em toda sua delicadeza e leveza, sem fazer barulho, pousou perto de mim. Sorri. Pensei que aquela borboletinha tão delicada em sua essência já foi uma lagarta, provavelmente não muito atraente. Às vezes precisamos passar pelo difícil para sermos recompensados. Às vezes é preciso rastejar primeiro para poder voar. Assim é a vida. Com a borboleta, comigo, com você.
Pensei que preciso ter mais paciência com as coisas e as pessoas, preciso ter resiliência para todas as fases de lagarta que vou passar na vida para conseguir voar todos os voos que mereço. Preciso ter fé e sobretudo equilíbrio. O mundo anda de cabeça para baixo, mas eu não posso estar.
Eu quero voar com toda elegância que aquela borboletinha voou e para isso, é preciso superar a fase de lagarta. Dar tempo ao tempo. E quando vi, a garrafa já estava cheia. Saúde!

Daniele Van-Lume Simões      23 de abril de 2017


Quem bagunçou, que arrume!

Dia 28 de abril estão marcando uma paralisação geral no país. Conversando com uma amiga, comentei que não iria aderir. Não é que não seja patriota, sou sim, muito. Tanto que não bati panela quando o desemprego estava na margem dos 4% ao final de 2015. Não bati porque eu sabia que podia piorar a situação do meu país e dos brasileiros se o fizesse.
Não vou aderir porque fui ensinada pela minha mãe que se eu bagunçar, eu tenho que arrumar. E a culpa da bagunça não é minha.
Não tínhamos a melhor política e a melhor economia do mundo, por conta da corrupção desenfreada que assola esse país, mas também não tínhamos o caos de uma política neoliberal que está sendo implantada às custas da miséria de muitos. Essa política está acabando com direitos, com a esperança, com o Brasil. E o pior é que as pessoas pediram por ela. Em vez de pato inflável na frente na câmara, deviam colocar agora um jumento.
Essa política neoliberal quer atrair investidores estrangeiros, baixando os juros e a inflação, dando a ideia de um local seguro para investir. Ledo engano. Não sou economista, mas vivencio todo dia o sufoco que o brasileiro tem passado para (sobre)viver - e que infelizmente ele mesmo procurou. Bater panelas gera consequências. Engraçado é que ninguém pensou nisso. Rico só vai para protesto se for para voltar a ter benefícios em cima dos mais pobres, ou ninguém aqui sabia disso? Você acha que tomar champanhe na Paulista era comemorando o que? A vitória do Timão?
            Desigualdade social é que gera oferta de mão de obra barata, é que faz alguém aceitar um salário de fome e ainda fazer o melhor para não perder o emprego. É que faz a dondoca emergente ter 4 empregadas domésticas e tratá-las como escravas, mesmo após 150 anos da abolição. Rico no Brasil só protesta para melhorar sua vida e seus negócios e não da população em geral. Acho que agora a classe média aprendeu a lição.
A imprensa noticiar como sendo uma coisa boa que a inflação está baixa é chamar a pessoa de idiota. Inflação é o índice mais fajuto que existe para medir a economia. A inflação baixa não quer dizer nada. Ela pode estar baixa porque as pessoas não têm dinheiro para comprar os produtos e os produtores/vendedores são obrigados a baixarem o preço para não encalhar o estoque e para não ter mais prejuízos. Lei da oferta e procura, quanto menor a procura, maior a oferta e menor o preço/menor a inflação - simples assim.
Já o desemprego atinge hoje 13% da população economicamente ativa, quase 13 milhões de brasileiros. No final de 2015 eram 4% e acharam ruim e protestaram. É meu caro, já dizia a primeira Lei de Murphy: “Não há nada tão ruim, que não possa piorar”.
Hoje, não vou participar de protestos, como não participei em 2014, 2015, 2016. Vou continuar meu trabalho, com a minha vida, honestamente e aguardando as próximas eleições - muito embora saiba que vivemos num parlamentarismo disfarçado e o voto não significa lá grandes coisas.
Mas não abro mão do meu direito de ficar quieta. Quem provocou essa bagunça, que arrume a casa agora – já dizia minha mãe.

Daniele Van-Lume Simões    23 de abril de 2017


quinta-feira, 20 de abril de 2017

O sorriso


Essa foto é de uma força e uma delicadeza imensas. Retrata bem o machismo, a brutalidade do homem que se acha no direito de gritar, de pôr o dedo na cara, de ameaçar uma pessoa só porque essa pessoa é mulher.
Quantos homens ficam corajosos quando o outro lado é do gênero feminino. Sabe aquele ditado: “Vai brigar com alguém do seu tamanho?”. Pois é, esse tipo de homem nunca vai. É covarde.
Vimos exemplos de machismo e brutalidade todos os dias. Seja na TV, desde o noticiário do almoço, com o feminicídio, até num programa que teoricamente era para divertir, o Big Brother. Vimos também mulheres aceitando isso, seja porque estão fragilizadas emocionalmente, com a autoestima no lixo, seja por medo.
As mulheres sofrem abusos desde sempre. Desde que acusaram Eva de ter dado a maçã a Adão. Essa história é velha. Ora, ele por acaso mastigou com uma arma apontada? Não. Mas a culpa é dela. É nossa. Sempre. Sofremos acusações e abusos de todos os tipos e ainda somos culpadas por isso. Mas as coisas estão mudando, devagar, mas estão. Muitas mulheres estão sofrendo para que a mudança ocorra, mas não estão se calando.
E essa imagem é um tapa de luva na cara da sociedade. O homem bruto, machista, agressor, totalmente descontrolado e ela forte, íntegra, serena, sorrindo. Ela podia até estar com medo, mas maior que o medo dela, foi sua coragem.
Um sorriso desarma qualquer argumento. Mas não estou falando de um sorriso debochado não, estou falando de um sorriso de quem diria: “Você não vai me atingir, eu sou maior que sua violência”.
Essa mulher tão jovem já nos ensinou algo grandioso: a manter o equilíbrio quando querem nos desestabilizar. Seja pela condição de gênero ou por qualquer outro motivo.
Essa mulher nos mostrou que somos maiores e melhores que essa violência contra a mulher e que juntas, somos fortes.
O nome dessa jovem é Saffyiah Khan. E mesmo tão jovem, nos deu uma valiosa lição. Muito obrigada.

Daniele Van-Lume Simões             20 de abril de 2017