Com um mês de nascida, meus pais foram
transferidos para Fernando de Noronha – imagine isso 30 e poucos anos atrás - e
lá eu vivia sozinha, em meio ao mato, às praias, aos bichos, à natureza.
Brincava com eles, aprendia com eles. Era livre.
Por conta da ausência de pessoas durante a minha
primeira infância, exceto do meu pai e minha mãe, além da minha querida tia
Kátia, eu comecei a ter medo de gente. Sim, fiquei avessa à gente. Quando
chegava ao aeroporto em Recife, era um escarcéu. Eu chorava, gritava, quando eu
via aquele monte de pessoas juntas, num corre-corre estressante, querendo me
pegar, me futucar, me apertar as bochechas. Não entendia nada. Queria ser
livre, sair dos braços dos meus pais e brincar em algum quintal espaçoso, de
preferência com árvores e bichos, como eu fazia.
Ganhei o apelido de Índia, porque segundo meu
tio Jorge, eu devia estar vindo de uma tribo isolada para agir assim, só pode.
Meu tio me chama assim até hoje. E acho que ele tem razão.
Continuo com medo de gente, talvez até mais do
que tive aos 4 anos de idade.
Conheci muitas pessoas ao longo da vida e, com
isso, conheci até onde vai a mentira, a ganância, o ego e a falsidade. Conheci
pessoas sem dignidade, sem palavra, sem amor. Pessoas egoístas, frias, loucas
até. Pessoas fúteis, nossa que medo!!!
É, meu medo aos 4 anos não foi à toa.
Quem dera encontrar novamente minha tribo. E ser
livre como outrora fui.
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