Fim de ano e as coisas parecem
ganhar sentido, como nunca ganharam todo o ano. Passamos o ano inteiro
trabalhando, nos estressando, correndo, sem saber muito o porquê, mas no fim do
ano, quando tudo se desacelera, conseguimos finalmente enxergar todos os
feitos, ganhos e perdas. Os erros e acertos. As coisas que mereciam dedicação e
que não tiveram e as que não mereciam e perdemos tempo. Reavaliamos nossa vida,
nossas atitudes, nossas palavras.
Fim de ano, parece que o tempo
passa mais devagar e uma onda de caridade, compreensão, amor e confraternização
invade tudo e todos. Todos os seres se abraçam mais, almoçam mais juntos dos
entes queridos, se cumprimentam com um sorriso em vez da usual cara amarrada,
dá mais gorjetas, compra presentes para crianças pobres. Esse é o ritual de
passagem de ano e como todos os povos, nós precisamos de rituais para que
consigamos fôlego para mais correria no ano seguinte. Quase uma prova de 100 m
rasos. Você corre muito, voando quase e no final, ao cruzar a linha de chegada,
tudo se desacelera e você sorri. Lindo isso, mas como somos ingênuos.
Sábio é aquele que consegue
viver essa onda de confraternização e amor diariamente, com seus familiares e
amigos, sem necessidade da chegada do dia 24 ou 31 de dezembro. Sábio é aquele
que sente o tempo passar devagar, porque avalia cada decisão que está prestes a
tomar, sem pressa, porque decisões importantes envolvem riscos e outras pessoas.
Sábio é aquele que só faz o que pode sem culpa alguma e trabalha no que vale a
pena, sem se importar com a opinião alheia ou pressão do sistema. Sábio é
aquele que tem certeza que o ritual pode acontecer dentro de nós, todos os
dias, quando abrimos os olhos pela manhã. O tempo que necessitamos para
renovarmo-nos quem determina é a gente, não o calendário. Sábio é aquele que se deu conta disso –
muito antes mesmo da chegada de 2017.
Daniele Van-Lume Simões 28 de dezembro de 2016
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