Futuro do pretérito é o tempo
verbal mais utilizado hoje em dia.
Eu ‘seria’, ‘faria’,
‘viveria’... a vontade de ser, fazer ou viver até existe, mas não existe a
ação. De que adianta vontade, sem ação. E graças à existência desse tempo
verbal, muitos se escondem e o utilizam como álibi para mascarar falta de
interesse, covardia ou mesmo baixa autoestima.
Lógico que a culpa não é de
nossa língua portuguesa, visto que, por esse tempo verbal existir, se mostra
bastante democrática. Beneficia a todos, inclusive aqueles que não sabem o que
querem.
Pior que o futuro do pretérito
utilizado sozinho, é quando este vem acompanhado do pretérito imperfeito do
subjuntivo. Aí, com perdão da expressão chula, lascou. O pretérito imperfeito
do subjuntivo, por definição, indica condição, hipótese, sempre acompanhado com
o ‘se’. Ou seja, justifica a não-ação do primeiro tempo discutido aqui. Em
resumo, é a famosa desculpa esfarrapada...
Exemplo? Vamos lá: ‘Eu até
sairia com ela, se ela fosse mais bonita...’ ou ‘Eu procuraria um emprego na
minha área, se não fosse tão difícil...’
Cara-pálida, primeiro você já
se olhou no espelho? Ou resolveu estudar mais?
Claro que algumas vezes,
precisamos usar esses dois tempos verbais sim e a justificativa que utilizamos
para não realizarmos algo, além de verdadeira, pode ser coerente.
Mas o que eu estou discursando
aqui é que cada vez mais pessoas se aproveitam da existência desses tempos
verbais para fugirem da própria realidade, se enganar ou enganar aos outros e
permanecerem numa inércia constante. Responsabilizando fatos ou até mesmo
outras pessoas pelo seu insucesso ou infelicidade.
Não vou dizer que nunca fiz
isso, porque estaria sendo hipócrita. Mas hoje valorizo muito mais pessoas do
‘presente simples’. Vai ver que é por isso que esse tempo verbal vem
acompanhado pelo ‘simples’. Eu faço, eu quero, eu consigo, eu vivo. O que eu
quero ou realizo hoje é o mais importante. Às vezes condicionamos o presente
simples ao futuro do subjuntivo... mas isso também é bom. Indica que você tem
planos, objetivos. Sem enrolações. ‘Quando terminar meu mestrado, eu quero
seguir carreira acadêmica’. Tudo bem que nesta frase a expressão ‘quero seguir’
é atualmente definida como futuro do presente composto e é facilmente
substituída por ‘seguirei’, futuro do presente. Mas ambos, além de terem a
denominação de ‘presente’, são objetivamente simples. E expressa um desejo
atual de realização. Uma meta – e bem definida. Você saber o que quer.
31/10/2008
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