Nunca a política brasileira esteve tão inflamada. Impeachment,
panelaço, roupa suja lavada em público – e em listas de famosas empreiteiras.
Direita e esquerda se confundem num balé de corrupção ambidestro.
E aí entram as discussões sem fim e sem fundamento nas redes
sociais, discussões rasas tanto quanto um pires quando derramamos o café.
Facebook desisti faz tempo. É tanta asneira e alienação que só dá raiva, além
de vergonha alheia e alguns bloqueios. Whatsapp também. Assisto à TV aberta
para mensurar o quanto estão tentando enganar o povo. Só que o povo está cada
vez mais letrado. Esqueça aquele matuto analfabeto que era enganado até com o
troco do pão. Ele não existe mais, graças aos inúmeros programas sociais.
As pessoas estão protestando. Mas não apenas um protesto contra o
impeachment e sim a favor da democracia. Do direito de escolha. Do valor do
voto.
Já fazemos papel de idiota todas as vezes que um escândalo de
corrupção vem à tona, porque é o meu dinheiro, o seu dinheiro que financia
farras desmedidas em Paris, gastando milhares de reais em cinco dias, enquanto
o seu cartão de crédito anda sem limite. É o nosso dinheiro que financia
almoços que custam milhares de reais. É o nosso dinheiro que não é utilizado
onde deveria.
Acho muito engraçado os apelidos para direita e esquerda que a
mídia veiculou. Os coxinhas são os de direita e os mortadelas de esquerda, mas
vejam só que contradição! Coxinha é um salgadinho bem popular no Brasil (e
barato também) que encontramos em cada esquina do centro da cidade. Já
mortadela tem de todo tipo, algumas bem ruins é verdade, mas também algumas
caríssimas, defumadas, importadas da região de Bologna, na Itália. Chiquérrimo.
Isso é só um reflexo de que, até pra fazer piada, o povo está perdido.
Bom, eu não sou nem coxinha nem mortadela. Hoje eu sou a favor de
diminuir a desigualdade social, de promover o crescimento econômico,
transparência financeira e principalmente, da Democracia. Espero que ela
ressuscite um dia. É um direito que não abro mão por petisco nenhum.
Mas se tivesse que escolher entre um e outro, te digo, até tenho
cara de coxinha, pois adoro um salto alto, uma bolsa de marca, maquiagem
importada e um bom perfume e vinho, mas minha alma é de mortadela. É a favor
dos menos favorecidos, para que tenham chance de sair da miséria e tenham uma
vida digna, sem fome. É a favor dos programas de educação, como o Ciências sem
fronteiras, no qual pobre pode estudar no exterior e garantir um futuro melhor
para sua família. É a favor do SUS e sua constante melhoria para atender a
todos, sem distinção. É democrática. Independente se a mortadela é da padaria
do Sr Joaquim ou de um ristorante italiano na Toscana. Nesse sentido, sou muito
mais mortadela, mas com cara de coxinha. Taí, sou uma coxinha de mortadela!
01 de abril de 2016
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