Muitas amigas minhas já tem
filhos. Um não, dois ou até mesmo três. Aquele casamento de conto de fadas, que
sonhamos aos 6 anos de idade: Príncipe, vestido bufante, muitas flores, e a
certeza que tudo será perfeito, com muito filhos, de preferência o primogênito
homem.
Mas a realidade é muito
diferente. Algumas não conseguem engravidar e sofrem por isso, outras estão
grávidas e sofrem por isso porque não tinham planejado esse momento tão cedo.
Já outras - como eu - decidem por ora não ter. Hoje escolho não ter.
Egoísmo, falta de
sensibilidade, medo, covardia, deem o nome que quiserem. Eu chamo de direito de
escolha. De saber o que se encaixa na minha vida neste momento, o que planejo
viver, ou simplesmente ter o direito de decidir sobre o meu corpo, sem ninguém
me aporrinhando por causa da idade fatídica - 35 anos.
Hoje eu escolhi não ter filhos
porque não me vejo presa a um serzinho totalmente dependente de mim na rotina
que levo. Hoje eu não me vejo presa em casa, limpando coco e acordando no meio
da noite para alimenta-lo. Não me vejo sem liberdade de ir e vir, de acordar na
hora que quiser, de comer qualquer porcaria na geladeira e tomar meu vinho na
hora que quiser, sem me preocupar se o álcool vai passar pro leite. Não me vejo
com tanta responsabilidade vitalícia, porque mesmo depois de grandes, os filhos
continuam ali, exigindo cuidados maiores do que quando pequenos.
Sei que se um dia acontecer de
engravidar, será o maior amor que terei conhecido na vida. Sei que se
isso acontecer, todo esse meu discurso acima será desconstruído e derretido por
um sorriso inocente ou pela primeira palavra dita pelo meu filhote. Sei que me
coração é de manteiga, mas com uma casca dura. É, talvez tenha um pouco de medo
também.
Mas não, hoje não é minha
escolha. Ser mãe nunca foi minha prioridade, ao contrário de todas as minhas
amigas e primas e colegas de trabalho.
Sou acostumada à solidão e não
tenho medo dela, ela me conforta e me acalma.
Um dia, essa prioridade pode
ser mudada e o desejo de ter um filho pode vir à tona de uma forma explosiva,
visceral, invasora como um tsunami na minha mente e no meu sentimento, mudando
todas as minhas prioridades.
Mas minha mente anda curtindo a
brisa calma do silêncio e da reflexão. Minha mente faz as escolhas e eu apenas
aceito porque somos uma coisa só.
Muitos vão me julgar por esse
texto, achando que não gosto de crianças. Pelo contrário, eu as amo. Amo
conversar com elas e ganho meu dia quando elas abrem um sorriso pra mim. Amo a
inocência e a curiosidade delas, amo a energia de ter uma criança por perto,
porque me lembra Deus - uma criaturinha tão pequena e perfeita só pode ser obra
DELE.
Mas assumir a responsabilidade
de educar e cuidar de uma criança, ainda, não faz parte das minhas escolhas.
Vejo muita mãe só de nome, mas que não estão nem aí para suas filhas ou filhos.
Que deixam as crianças vestirem qualquer coisa, comerem qualquer porcaria,
enquanto compram roupas de marca e bikes importadas. Isso é ser monstro, não
mãe.
Preciso pensar nisso antes de
decidir gerar um filho e ter muito claro que diversas vezes vou falhar e que
será o pior fracasso da minha vida se isso acontecer. Afinal, pais e mães são
super-heróis.
Mas minhas escolhas é que me
farão verdadeiramente feliz, não número de filhos pendurados na barra do meu
vestido. Mas se houver algum, terá todo o meu amor e cuidado.
E claro, como tudo na vida...
Nada é estático. Escolhas mudam, mas no tempo certo, no amadurecimento certo.
Ou permanecem como estão. Vamos ver.
E não há problema nenhum nisso,
pois se trata da minha vida - e não da sua. E da minha vida e das minhas
escolhas não há ninguém no mundo que mais saiba sobre isso do que eu mesma. Ou
que busca saber para tomar a decisão certa. No tempo certo. Seja ela qual for.
Daniele Van-Lume Simões 06/11/16
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