sábado, 19 de novembro de 2016

O povo brasileiro e a política


Há algum tempo desisti da política. Era presença assídua em comitês eleitorais, passeatas, discursos. Mas depois de tudo o que aconteceu esse ano, resolvi abstrair para não perder minha sanidade, e principalmente, meus princípios. 
Não discuto mais política, pelo menos, até essa esquizofrenia de que tipo de regime estamos passar. Ou é presidencialismo, ou é parlamentarismo. Ou então fecha a birosca, e chama a 'realeza' portuguesa de novo. Não dá para fingir que é uma coisa, quando acontece outra.
Mas o que tem me chocado hoje em dia nem é os políticos brasileiros. Esses sempre me chocaram, desde 1992, quando houve o impeachment do Collor. E olhe que eu era pequena e nem sabia escrever impeachment.
O que me choca é a frivolidade que o povo brasileiro trata de assuntos sérios. Assuntos que deveriam ser debatidos, discutidos, são motivos de chacota, de piada, de memes e gifs. Ou pior, de discursos intolerantes e sem o menor sentido.
Já cheguei a pensar que a vida anda tão difícil e a esperança tão ausente, que fazer brincadeira com coisas sérias seria uma forma de extravasar. Mas não. É muito pior.
TUDO é motivo de palhaçada. E alguns são piores - os que creem veementemente nisso. E defendem essas atrocidades com unhas e dentes.
Esse povo me assusta. Leio comentários nas páginas de notícias políticas e fico assustada com tanta visão deturpada e psicopata que existe de pessoas desinformadas, doutrinadas por jogos violentos de internet e 12h de computador por dia. Pior que crack.
Pessoas semianalfabetas, que mal sabem escrever direito, que cometem erros grotescos de português (e de ética), mas que serão o futuro do país. 
Pessoas leigas de política, de experiência de vida, de ideias e ideais, escrevendo merda, pregando o ódio por aí. Pessoas vazias de conhecimento, de sentimento, de causa. Vão na moda que nem um mico adestrado.
Cada vez mais tenho me afastado da política e de discussões sobre o assunto, o que pode ser até uma covardia minha, mas enquanto o mundo estiver de cabeça para baixo e alguns governantes forem palhaços - sem trocadilhos com o Deputado, por favor -, eu prefiro calar. Enquanto houver bajuladores e defensores de pessoas que pregam a irracionalidade, a não democracia, a falta de respeito seja a quem for, eu prefiro me calar. Acho que nem é covardia não, é cansaço mesmo. Esse cenário atual, cheio de juízes paranaenses on line já deu. 
Não adianta discutir um assunto tão sério com quem só sabe atacar. Seja utilizando palavras de ódio, de deboche ou ironia disfarçada de humor. É meu amigo, como diria Schopenhauer: "Quem não tem argumentos, ataca".
Enquanto isso, vou acompanhando esse circo pegando fogo, com uma tristeza enorme no peito pela cremação forçada da política brasileira. Meus pêsames.



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