Há algum tempo desisti da política. Era presença
assídua em comitês eleitorais, passeatas, discursos. Mas depois de tudo o que
aconteceu esse ano, resolvi abstrair para não perder minha sanidade, e
principalmente, meus princípios.
Não discuto mais política, pelo menos, até essa
esquizofrenia de que tipo de regime estamos passar. Ou é presidencialismo, ou é
parlamentarismo. Ou então fecha a birosca, e chama a 'realeza' portuguesa de
novo. Não dá para fingir que é uma coisa, quando acontece outra.
Mas o que tem me chocado hoje em dia nem é os
políticos brasileiros. Esses sempre me chocaram, desde 1992, quando houve o
impeachment do Collor. E olhe que eu era pequena e nem sabia escrever
impeachment.
O que me choca é a frivolidade que o povo
brasileiro trata de assuntos sérios. Assuntos que deveriam ser debatidos,
discutidos, são motivos de chacota, de piada, de memes e gifs. Ou pior, de
discursos intolerantes e sem o menor sentido.
Já cheguei a pensar que a vida anda tão difícil
e a esperança tão ausente, que fazer brincadeira com coisas sérias seria uma
forma de extravasar. Mas não. É muito pior.
TUDO é motivo de palhaçada. E alguns são piores - os que creem veementemente nisso. E
defendem essas atrocidades com unhas e dentes.
Esse povo me assusta. Leio comentários nas
páginas de notícias políticas e fico assustada com tanta visão deturpada e
psicopata que existe de pessoas desinformadas, doutrinadas por jogos violentos
de internet e 12h de computador por dia. Pior que crack.
Pessoas semianalfabetas, que mal sabem escrever
direito, que cometem erros grotescos de português (e de ética), mas que serão o
futuro do país.
Pessoas leigas de política, de experiência de
vida, de ideias e ideais, escrevendo merda, pregando o ódio por aí. Pessoas
vazias de conhecimento, de sentimento, de causa. Vão na moda que nem um mico
adestrado.
Cada vez mais tenho me afastado da política e de
discussões sobre o assunto, o que pode ser até uma covardia minha, mas enquanto
o mundo estiver de cabeça para baixo e alguns governantes forem palhaços - sem
trocadilhos com o Deputado, por favor -, eu prefiro calar. Enquanto houver
bajuladores e defensores de pessoas que pregam a irracionalidade, a não
democracia, a falta de respeito seja a quem for, eu prefiro me
calar. Acho que nem é covardia não, é cansaço mesmo. Esse cenário atual, cheio
de juízes paranaenses on line já deu.
Não adianta discutir um assunto tão sério com
quem só sabe atacar. Seja utilizando palavras de ódio, de deboche ou ironia
disfarçada de humor. É meu amigo, como diria Schopenhauer: "Quem não tem
argumentos, ataca".
Enquanto isso, vou acompanhando esse circo
pegando fogo, com uma tristeza enorme no peito pela cremação forçada da
política brasileira. Meus pêsames.
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