segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Os meus eus e o hoje


São tantos eus. Eus que fui um dia e não me reconheço mais. Eus que ainda sou e não pretendo deixar de ser. E o meu eu atual, que pode se desatualizar daqui a cinco minutos. 
Já fui nerd, gorda, magra, loira, morena, da praia, do interior, do forró, do rock, do samba, do pagode (abafa) e da bossa nova. Hoje sou do silêncio.
Já fui biomédica, já fui pesquisadora, já fui quase enfermeira, talvez até psicóloga, seja de amigas, seja da minha mãe, seja de mim mesma. 
Já fui paciente, já fui doutora, já fui estudante, mas sou sempre aprendiz. Aprendo todo dia algo e sou grata por perceber que a vida é um enorme aprendizado.
Já fui das festas, já fui de casa, hoje sou do que quero.
Já fui sincera, já fui grossa, já fui manteiga derretida e tudo em excesso faz mal. Ainda estouro, mas estou aprendendo a ser mais contida sem ter um enfarte.
Já fui rica, já fui pobre, e hoje não tenho do que reclamar. Já perdi minha saúde, já recuperei. Só peço ao Criador que eu não perca minha sanidade neste mundo louco.
Já quis ser astronauta, paleontóloga, professora, cientista. Ainda viajo na maionese, adoro história, gosto de dar palestras e de pesquisar. Acabei sendo um pouco de tudo. Que bom. Sou todos esses eus.
Já fui revoltada, já fui submissa, hoje sou a minha opinião - que pode mudar e não há problema nenhum nisso. Obrigada 30 anos. 
Já fui de comer camarão toda semana e hoje eu sou alérgica. Espero não ficar a vinhos.
Já tive pânico de avião, hoje eu adoro viajar nele. É como se eu perdesse o total controle da minha vida e consigo relaxar. Vejam só que contradição.
Já fui triste, feliz, triste, feliz... e posso ser as duas coisas num dia só, só depende de como ele for.
Já me importei demais, já liguei o dane-se lindamente, mas se me importo é porque ainda tem algum significado. O foda-se significará exatamente isso: foda-se. E o meu é em cima do salto.
Já errei muito, já acertei outras tantas, mas não me arrependo de nada. Tudo aconteceu na minha vida do jeito que tinha que ser, do jeito que escolhi e do jeito que precisei para amadurecer. E putz, dói. Amadurecer dói. Mas eu ainda assim acho válido.
Já tive amizades de infância que acabaram há pouco tempo pelo silêncio ou pelo sumiço, já fiz amizades que mesmo com a distância imensa, ainda se importam (Valeu Aninha e Carol), já fiz novas amizades talvez até mais importantes hoje que as antigas, porque são elas que seguraram minha mão quando precisei (Ray e Noely, beijos!). Espero ter sempre amizades – novas ou antigas, não importa - e ser uma boa amiga. Isso sim eu quero ser.
Já morei com meus pais, já saí de casa e agora estou em outro estado. Um dia, talvez esteja em outro país. Onde eu estarei amanhã? Amanhã eu saberei.
O que quero dizer com tudo isso é que não importa se você mudou de gostos, de rumos, de planos, de profissão, de amizades ou de cabelo. O que importa é você se reconhecer a cada mudança e se sentir segura no seu eu. E se sentir livre para fazer dele o que bem entender.
Daniele Van-Lume Simões      28/11/2016



2 comentários:

  1. Nossa eu amei!!! E fico feliz em ser citada com uma nova amizade...e que logo se tornará velha amizade e de uma forma verdadeira! Bjs

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