São tantos eus. Eus que fui um dia e não me
reconheço mais. Eus que ainda sou e não pretendo deixar de ser. E o meu eu
atual, que pode se desatualizar daqui a cinco minutos.
Já fui nerd, gorda, magra, loira, morena, da
praia, do interior, do forró, do rock, do samba, do pagode (abafa) e da bossa
nova. Hoje sou do silêncio.
Já fui biomédica, já fui pesquisadora, já fui
quase enfermeira, talvez até psicóloga, seja de amigas, seja da minha mãe, seja
de mim mesma.
Já fui paciente, já fui doutora, já fui
estudante, mas sou sempre aprendiz. Aprendo todo dia algo e sou grata por
perceber que a vida é um enorme aprendizado.
Já fui das festas, já fui de casa, hoje sou do
que quero.
Já fui sincera, já fui grossa, já fui manteiga
derretida e tudo em excesso faz mal. Ainda estouro, mas estou aprendendo a ser
mais contida sem ter um enfarte.
Já fui rica, já fui pobre, e hoje não tenho do
que reclamar. Já perdi minha saúde, já recuperei. Só peço ao Criador que eu não
perca minha sanidade neste mundo louco.
Já quis ser astronauta, paleontóloga,
professora, cientista. Ainda viajo na maionese, adoro história, gosto de dar
palestras e de pesquisar. Acabei sendo um pouco de tudo. Que bom. Sou todos
esses eus.
Já fui revoltada, já fui submissa, hoje sou a
minha opinião - que pode mudar e não há problema nenhum nisso. Obrigada 30
anos.
Já fui de comer camarão toda semana e hoje eu
sou alérgica. Espero não ficar a vinhos.
Já tive pânico de avião, hoje eu adoro viajar
nele. É como se eu perdesse o total controle da minha vida e consigo relaxar.
Vejam só que contradição.
Já fui triste, feliz, triste, feliz... e posso
ser as duas coisas num dia só, só depende de como ele for.
Já me importei demais, já liguei o dane-se lindamente, mas se me importo é porque ainda tem algum significado. O foda-se
significará exatamente isso: foda-se. E o meu é em cima do salto.
Já errei muito, já acertei outras tantas, mas
não me arrependo de nada. Tudo aconteceu na minha vida do jeito que tinha que
ser, do jeito que escolhi e do jeito que precisei para amadurecer. E putz, dói.
Amadurecer dói. Mas eu ainda assim acho válido.
Já tive amizades de infância que acabaram há
pouco tempo pelo silêncio ou pelo sumiço, já fiz amizades que mesmo com a
distância imensa, ainda se importam (Valeu Aninha e Carol), já fiz novas
amizades talvez até mais importantes hoje que as antigas, porque são elas que
seguraram minha mão quando precisei (Ray e Noely, beijos!). Espero ter sempre
amizades – novas ou antigas, não importa - e ser uma boa amiga. Isso sim eu
quero ser.
Já morei com meus pais, já saí de casa e agora
estou em outro estado. Um dia, talvez esteja em outro país. Onde eu estarei
amanhã? Amanhã eu saberei.
O que quero dizer com tudo isso é que não
importa se você mudou de gostos, de rumos, de planos, de profissão, de amizades
ou de cabelo. O que importa é você se reconhecer a cada mudança e se sentir
segura no seu eu. E se sentir livre para fazer dele o que bem entender.
Daniele
Van-Lume Simões 28/11/2016
Nossa eu amei!!! E fico feliz em ser citada com uma nova amizade...e que logo se tornará velha amizade e de uma forma verdadeira! Bjs
ResponderExcluirAmiga, que bom que gostou! Fico feliz!!! Bjos!!
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