terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A terceira lei de Newton e o meu banheiro


Vou avisando que esse é um momento desabafo - crônica - relato:
Olha, uma das coisas mais difíceis na face da terra (de marte, de vênus, de plutão) é lidar com vizinhos. Ainda mais em edifícios.
Mudei para Brasília há pouco menos de um ano e desde então estava tudo ok. Apartamento ótimo, espaçoso, limpo, com gesso decorativo no teto, uma beleza, até que, um belo dia, acordo às 8h da manhã com uma furadeira bem em cima do meu juízo/teto. Isso sem nenhum comunicado de início de reforma. Se não por obrigação, que fosse por educação. Imagina se eu fosse cardíaca?
Até aí tudo bem (quer dizer, tudo péssimo, mas fazer o quê), era o vizinho de cima fazendo uma reforma porque vai casar e morar no dito apê herdado do avô vivo. Soube que ele vai levar as bolas de gude que jogava no tapete também.
Depois de uns três meses dormindo com o celular no silencioso, já que a furadeira era mais pontual que relógio Cartier, eis que recebemos o comunicado que o vizinho de cima iria precisar fazer uma interferência no apartamento dele através do nosso banheiro. Sim, nosso banheiro.
Através no sentido de atravessar mesmo. Quebrar o gesso, a laje, para ter acesso ao encanamento. E como bons vizinhos solidários que somos (e um pouco coagidos com o síndico e o dono do apartamento que alugamos terem autorizado), deixamos. Ai se arrependimento matasse... Eu seria uma serial killer. Juro.
Abriram um buraco para deslocar uma privada de lugar, num encanamento de um edifício velho e claro, como tudo no Brasil é feito nas coxas, não impermeabilizaram o negócio direito. Só que não informaram ao síndico, nem ao dono, só à gente. Tudo na moita.
Resultado: Mofou o teto do meu banheiro, reclamei. Arrumaram e disseram que não sabiam por que tinha mofado. Oi?! Uma semana depois, há uma infiltração na parede do meu quarto com um cheiro de urubu podre, claro, já que ela tem ligação direta com o banheiro deles e pelo que desce no cano – e pelo tamanho da barriga do inquilino, não deve ser pouca coisa.
Então, em vez de usar desodorante na axila, comecei a usar na parede do quarto... Fora o mofo no teto do banheiro, ao qual sou extremamente alérgica, e que continua lá - firme, forte e cada vez maior, me fazendo sufocar a cada banho mais demorado (sorry, ambientalistas), mas banho demorado uma vez ou outra é tudo.
Fizemos outra queixa, dessa vez direto com o síndico e que nos prometeu providências urgentes. 72h do mais absoluto silêncio.
E hoje, cheguei às 10h da manhã no trabalho, sabe por que? Porque primeiro chegou o síndico mesmo na hora que eu ia tomar banho para vir ao trabalho, olhou, olhou e procurou um defeito no nosso apartamento para arrumar (ai, que schopenhauer puro!). Ok, arrumaríamos. Fui tomar banho...
Depois chegou o inquilino do andar superior causador do transtorno para ver se era verdade ou mentira o que falávamos. Depois chegaram os dois juntos, inquilino e síndico. Nossa, quase os convidei para uma xícara de café e um bolo de fubá. E eu só querendo me arrumar para trabalhar.
Até que foi prometida uma solução (sem prazos, claro) e meu marido disse: Não seria bom olhar no apartamento de cima também?
Aí, nosso síndico responde ironicamente, com a voz da experiência de que sabe tudo e que somos dois moleques: - Não precisa, lá tem dois engenheiros (que na minha opinião não devem valer meio, pois fizeram uma cagada mesmo) e o problema é aqui no seu apartamento.
Nessa hora, você me pergunta o que Newton tem a ver com tudo isso.
Nessa hora incorporei Newton, Pitágoras, Aristóteles, Hawking e todos os matemáticos possíveis e imagináveis e disse: "Meu querido, você conhece a terceira lei de Newton? Ação e Reação? Pois bem, aqui é a Reação! Que tal dar uma olhada no que está causando isso? Na Ação?".
Cri Cri Cri...
Nunca pensei que um dia fosse aplicar a terceira Lei de Newton na vida, ainda mais para falar do meu banheiro. E só não aplico a lei da pomba (cagando e voando) porque o banheiro de baixo é o meu...
É não faltem às aulas de física, caso contrário podem cagar na sua cabeça quando você abrir a boca - literalmente.

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