Vou avisando que esse é um momento desabafo - crônica
- relato:
Olha, uma das coisas mais difíceis na face da terra
(de marte, de vênus, de plutão) é lidar com vizinhos. Ainda mais em edifícios.
Mudei para Brasília há pouco menos de um ano e
desde então estava tudo ok. Apartamento ótimo, espaçoso, limpo, com gesso
decorativo no teto, uma beleza, até que, um belo dia, acordo às 8h da manhã com
uma furadeira bem em cima do meu juízo/teto. Isso sem nenhum comunicado de
início de reforma. Se não por obrigação, que fosse por educação. Imagina se eu
fosse cardíaca?
Até aí tudo bem (quer dizer, tudo péssimo, mas
fazer o quê), era o vizinho de cima fazendo uma reforma porque vai casar e
morar no dito apê herdado do avô vivo. Soube que ele vai levar as bolas de gude
que jogava no tapete também.
Depois de uns três meses dormindo com o celular no
silencioso, já que a furadeira era mais pontual que relógio Cartier, eis que
recebemos o comunicado que o vizinho de cima iria precisar fazer uma
interferência no apartamento dele através do nosso banheiro. Sim, nosso
banheiro.
Através no sentido de atravessar mesmo. Quebrar o
gesso, a laje, para ter acesso ao encanamento. E como bons vizinhos solidários
que somos (e um pouco coagidos com o síndico e o dono do apartamento que
alugamos terem autorizado), deixamos. Ai se arrependimento matasse... Eu seria
uma serial killer. Juro.
Abriram um buraco para deslocar uma privada de
lugar, num encanamento de um edifício velho e claro, como tudo no Brasil é
feito nas coxas, não impermeabilizaram o negócio direito. Só que não informaram
ao síndico, nem ao dono, só à gente. Tudo na moita.
Resultado:
Mofou o teto do meu banheiro, reclamei. Arrumaram e disseram que não sabiam por
que tinha mofado. Oi?! Uma semana depois, há uma infiltração na parede do meu
quarto com um cheiro de urubu podre, claro, já que ela tem ligação direta com o
banheiro deles e pelo que desce no cano – e pelo tamanho da barriga do
inquilino, não deve ser pouca coisa.
Então, em vez de usar desodorante na axila, comecei
a usar na parede do quarto... Fora o mofo no teto do banheiro, ao qual sou
extremamente alérgica, e que continua lá - firme, forte e cada vez maior, me
fazendo sufocar a cada banho mais demorado (sorry, ambientalistas), mas banho
demorado uma vez ou outra é tudo.
Fizemos outra queixa, dessa vez direto com o
síndico e que nos prometeu providências urgentes. 72h do mais absoluto
silêncio.
E hoje, cheguei às 10h da manhã no trabalho, sabe
por que? Porque primeiro chegou o síndico mesmo na hora que eu ia tomar banho
para vir ao trabalho, olhou, olhou e procurou um defeito no nosso apartamento
para arrumar (ai, que schopenhauer puro!). Ok, arrumaríamos. Fui tomar banho...
Depois chegou o inquilino do andar superior
causador do transtorno para ver se era verdade ou mentira o que falávamos.
Depois chegaram os dois juntos, inquilino e síndico. Nossa, quase os convidei
para uma xícara de café e um bolo de fubá. E eu só querendo me arrumar para
trabalhar.
Até que foi prometida uma solução (sem prazos,
claro) e meu marido disse: Não seria bom olhar no apartamento de cima também?
Aí,
nosso síndico responde ironicamente, com a voz da experiência de que sabe tudo
e que somos dois moleques: - Não precisa, lá tem dois engenheiros (que na minha
opinião não devem valer meio, pois fizeram uma cagada mesmo) e o problema é
aqui no seu apartamento.
Nessa
hora, você me pergunta o que Newton tem a ver com tudo isso.
Nessa
hora incorporei Newton, Pitágoras, Aristóteles, Hawking e todos os matemáticos
possíveis e imagináveis e disse: "Meu querido, você conhece a terceira lei
de Newton? Ação e Reação? Pois bem, aqui é a Reação! Que tal dar uma olhada no
que está causando isso? Na Ação?".
Cri Cri Cri...
Nunca pensei que um dia fosse aplicar a terceira
Lei de Newton na vida, ainda mais para falar do meu banheiro. E só não aplico a
lei da pomba (cagando e voando) porque o banheiro de baixo é o meu...
É não faltem às aulas de física, caso contrário
podem cagar na sua cabeça quando você abrir a boca - literalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário