Quando penso no resumo de 2016,
só me vem uma frase na cabeça: Que ano foi esse hein?
Tantas mortes... Atores,
cantores, times de futebol quase inteiros, orquestras inteiras... Até a
democracia morreu. E esta última morreu jovem, coitada.
Em 2016, sai o primeiro
presidente negro dos Estados Unidos e entra o Trump e seu muro mexicano – algo surreal
na época atual. No Brasil, bateram panela sem saber direito por que e agora
ganharam de prêmio uma aposentadoria cada vez mais tardia - sem contar a
recessão dos salários. Em 2016, teve desastres aéreos em dezembro aos montes, já
outros nem tão desastres assim, mas todos fazendo centenas de vítimas.
Heróis morrendo de overdose, como
diria o poeta – ou parada cardíaca, como diria o jornal.
Crianças vítimas de guerra,
mortas no mar e expostas numa fotografia perturbadora e sem noção (como a
maioria das coisas hoje) ou cobertas de poeira e destroços.
Em 2016, ataques terroristas e
o povo compartilhando vídeos de decapitações como se fossem em galinhas. Só desgraça
e virou comum ler ou assistir notícias desse porte às 7h da manhã. Não choca
mais. Nem embrulha mais o estômago. Perdemos a sensibilidade ou a sanidade ou
os dois.
Pessoas sem noção dentro e fora
do mundo virtual. Seja nas palavras, seja nas atitudes. Em 2016, percebi um
saudosismo do passado, quando a vida era mais sustentável mesmo com menos
opções. Menos tecnologia, menos carros, menos e-mails (ou sem e-mails), menos
celulares, nada de internet. Até menos comida.
Cultura dos orgânicos e brechós
tentando ser implantada, quando o consumismo já é intrínseco na veia de todos,
um caminho meio que sem volta. Ou tarde demais para voltar. Acordamos tarde para o
mal que nos consome. Acaba ficando ridículo essa moda pseudocult da
maioria, porque poucos mesmos são os que praticam esse desapego em todos os aspectos
da vida.
Vizinhos que não se
cumprimentam, pessoas que não sorriem, amigos que não são tão amigos assim.
Normal hoje em dia. Não deveria, mas é. Mas aí não foi só em 2016. Já tem umas
boas décadas que isso ocorre.
Em 2016, não teve uma música
boa, não teve um livro marcante, não teve um filme bom - talvez até tenha tido,
mas é uma avalanche de informações constante que depois de 5 segundos já
partimos para a próxima e esquecemos o que veio antes. E nada acaba ficando
para ser recordado.
Posso estar sendo reducionista,
mas a sensação que tenho é que este ano foi contraditório: economicamente,
politicamente, culturalmente, temporalmente - sensação de ter sido corrido o
tempo todo, mas ter demorado séculos para passar. Quase uma tortura. 2018 chega, mas não chega 2017.
Pessoalmente, para mim, até que
foi um ano de conquistas - suadas conquistas. E sou muito grata a Deus por
elas. Mas no geral, o que vejo, é que foi um ano de pessoas confusas,
protestando, pelo não sei o quê, para conseguir não sei o que lá e chegar a um
lugar sabe-se lá onde.
Espero que 2017 traga a luz que
2016 não teve. Que possamos respirar um pouco mais aliviados em meio a tantos
percalços - para que menos perdidos, e mais conscientes, consigamos definir o
caminho que este país/mundo irá tomar. E que tenhamos o discernimento para
escolhermos certo. Ou pelo menos, não permanecermos no erro.
Daniele Van-Lume Simões 28 de dezembro de
2016
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