Hoje de manhã, numa conversa informal com meu esposo, ele falou
uma coisa interessante: a maioria das pessoas multiplica por três tudo de bom
que tem ou acontece para satisfazer seu ego e parecer melhor do que realmente é
para a sociedade.
Vou explicar: se a pessoa tem um milhão no banco, diz que tem três
para parecer mais rica. Se a pessoa lidera 300 pessoas no trabalho, diz que
lidera quase mil, para parecer mais forte. Se a pessoa tem 3 mil cabeças de
gado, diz que tem nove, para parecer mais poderoso. E por aí vai. É quase como uma
constante numa equação, multiplicar por três está virando obrigatório num mundo
de aparências.
Neste mundo de aparências, aumentar o fato faz ganhar notoriedade.
Aumentar o feito faz ganhar prestígio. Aumentar as coisas boas que acontecem
faz parecer bem-sucedido, uma pessoa de sorte. Um felizardo. E quem não quer
ser amigo de alguém com prestígio, sorte, sucesso e feliz?
É uma preocupação em parecer feliz, em dar satisfação sobre o que
faz, o que se come, o que se bebe, o que veste, o que possui, aonde foi, para
onde viajou. É uma preocupação constante em fazer parecer real o "vezes
3". É uma preocupação em aumentar tudo o que acontece em sua volta.
É, na verdade, uma matemática mesquinha, medíocre.
Por que em vez de multiplicar, você não passa a dividir?
Dividir seu tempo com quem precisa de atenção ou cuidado, dividir
sua comida com alguém que está com fome, dividir um bom dia, dividir uma boa
notícia, dividir uma música nova, dividir um pedaço de chocolate com a amiga em
TPM, dividir o carro dando uma carona para os colegas que não têm, dividir a
vida com alguém que ame de verdade, dividir um conhecimento novo, dividir um
conselho amigo, dividir suas roupas que não te servem, dividir sorrisos e boas
energias. Dividir fé.
Quando passamos a dividir coisas boas, aí sim,
entra a multiplicação. Sabe aquele ditado: "Que você tenha em dobro tudo o
que me desejas"? Pois bem. Quando dividimos o bem, sem saber, também o
multiplicamos, porque as pessoas com quem dividimos passam a replicar o que
receberam. E assim as boas ações são perpetuadas.
Infelizmente, na escola, nos ensinam primeiro a
multiplicar e só depois a dividir. Talvez, essa ordem devesse ser alterada para
que criemos cidadãos de bem e pessoas dignas, que entendam dos verdadeiros
valores da matemática da vida tanto quanto entendem da matemática da prova.
Daniele Van-Lume Simões
12 de março de 2017
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