Hoje é dia das mães. Estou longe da minha porque estou morando em
outra região. Nessas horas queria estar perto e lembro-me de todas as vezes que
estive e fiquei trancada no meu quarto.
Sempre quis uma mãe
de novela. Daquelas que tomam café com o filho todas as manhãs, daquelas que o
filho faz merda e em vez de uma surra, ela vai conversar calmamente, daquelas
sorridentes, cultas e sábias, com cara de estrela de Hollywood ou de novela do
Manoel Carlos. Mas essas daí não seriam minha mãe.
Minha mãe não fazia
meu café desde os meus dez anos. E se eu fizesse merda, não tinha nem papo, era
surra e castigo. Na minha época, isso não só era normal, como era o mais
acertado. Também não tinha cara de estrela de novela, embora seja bonita até
hoje, mas nunca conseguiu emagrecer e vivia lutando com isso.
Minha mãe não é
perfeita, mas é real. O sorriso dela não é falso, pelo contrário, ela fala as
coisas na cara. Ela às vezes se comporta como filha e quantas vezes já me senti
responsável por sua tristeza. Mas não sou. Nossas escolhas e modo de vida só
cabem a nós mesmos e ninguém tem culpa disso.
Minha mãe sempre
foi exigente, em vez de compreensiva. Sempre foi meio dramática, em vez de
ponderada. Sempre foi braba, em vez de tranquila. Minha mãe não é de novela. É
da vida real, como muitas mães que estão lendo este texto. Como a mãe da
maioria de vocês.
Mesmo assim, é a
minha mãe e eu sinto falta de estar ao seu lado quando ela precisa. Eu sinto
falta de almoçar hoje com ela. Eu sinto falta de dizer que a amo.
Se você tem sua mãe
perto, mesmo que ela não seja de novela, valorize-a. Ela é um ser humano que
precisa de carinho, atenção, não de canonização. Mães não são anjos. Mães são
mães. Têm defeitos e virtudes. Guarde na memória as virtudes. Perdoe os
defeitos.
A vida é muito
curta para alimentarmos sentimentos ruins. As mães não são eternas. Antes que a
sua vá embora, diga que a ama, independente dos seus erros. Elas não são da
novela das nove, que podem ser reprisadas. Elas são da vida real. E a vida real
não tem reprises.
Daniele Van-Lume
Simões 14 de maio de 2017
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