As
palavras são instrumentos poderosos. Podem ferir ou consolar, podem humilhar ou
afagar. Podem abrir feridas ou curá-las. Podem ser o que há de melhor em nós –
ou o pior, pois as palavras e os pensamentos andam de mãos dadas, como um casal
apaixonado. As palavras são mágicas, pois podem provocar o que elas quiserem em
que as lê ou as escuta. Quase possuem vida própria, depois de libertadas.
E
é nesse encanto todo que as palavras possuem que me recordo da minha infância. Quando
era criança, uma das minhas comidas prediletas era sopa de letrinhas. Acho que
nem existe mais isso, tudo está menos lúdico e mais tecnológico. Daqui a pouco,
inventarão sopa de tablet. O fato é que toda sexta-feira, minha mãe fazia a tal
sopa de letrinhas. Um prato fundo de imaginação e com cheirinho de galinha
caipira. Desde a sopa da sexta-feira, as palavras já me encantavam. Ficava
brincando de formar palavras na borda do prato e quanto maior a palavra,
melhor! Não importava o seu significado. Mas tenho uma frustração: nunca
conseguir formar “otorrinolaringologista”. As sopas de antigamente não eram tão
complexas.
Quando
somos criança, palavra boa é palavra nova e grande. Desperta a curiosidade,
atiça a imaginação. Quando adultos, palavra boa é aquela que acolhe, seja o
ouvinte/leitor, seja nós mesmos. É aquela que desperta os melhores sentimentos.
O tamanho da palavra pouco importa, seu significado é o seu real valor.
Quem
inventou a primeira palavra, não era apenas sábio. Era um mágico inspirado por Deus. Entendia da magia das palavras e do milagre da comunicação.
Entendia a alegria que era uma criança expressar sua curiosidade por meio
delas, ou o alívio de um adulto ao expressar seus sentimentos.
E
é uma pena que para muitos, hoje em dia, a palavra valha tão pouco e seja tão mal empregada. Erram na
escrita. Abreviam tudo. Esquecem-se da sua magia e da melhor forma de
utilizá-las: fazendo alguém feliz.
Daniele
Van-Lume Simões 26 de junho
de 2017
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