É impressionante como ainda
tenho a capacidade de me surpreender com certas coisas. Os valores estão invertidos,
filhos se metendo na educação que recebem dos pais, amor livre (?!) no sentido
de ninguém ser de ninguém, dinheiro vindo em primeiro lugar - no lugar que
sempre foi da família; amores que não têm força para enfrentarem os desafios da
vida a dois (amores?!); falsidades cultivadas, em vez de amizades; vaidades em
vez de generosidade; arrogância em vez de gentileza; ameaça em vez de respeito.
Nasci exatamente nessa
transição de valores e acho que fui a ultima geração que conheceu esses dois
mundos - talvez por isso ainda seja capaz de me chocar com tudo isso.
Quem só conheceu a segunda
versão da vida, ou melhor, do mundo acha que sempre foi assim. Mas te digo: não
foi não.
Não tínhamos tecnologia, não
tínhamos 1.376.498 formas de comunicação, uma ligação custava uma fortuna e
ninguém mandava e-mail porque não havia internet. Talvez por isso comunicar-se
era um ato valorizado. Entender o outro era algo precioso. Hoje parece ser
perda de tempo. Ter bons valores era sinônimo de felicidade. Cada minuto era
vivido realmente e não virtualmente.
Claro que a culpa dessa
inversão de valores não é da tecnologia e sim da nossa falta de senso ao
utilizá-la. O capitalismo acirrou-se. A vida tornou-se frívola, com vaidades
exarcebadas - principalmente nas redes sociais. "Olha, minha vida é melhor
que a sua! Meu corpo é mais sarado que o seu! Eu sou VIP nas baladas".
Blá-blá-blá. Tédio. Foto de diploma dos cursos que fez ninguém posta.
Tenho muita saudade da Primeira
versão da vida. Muita. Mas vivemos o hoje, essa realidade-virtualidade insana.
O tempo não volta e nos dá a chance de fazer diferente. Deu ruim com a
nossa "evolução". Fato. Mas não podemos perder a sanidade e
principalmente, os valores. Eles não morreram, estão adormecidos, esperando
esse furacão passar para ressurgirem repaginados, e ensinarem algo a essa juventude,
que de tão perdida e carente, só tem a internet. Ou pior, dinheiro (que na
maioria das vezes, nem seu é).
Só posso, em meio a isso tudo,
cultivar esses valores em mim e tentar repassa-los de alguma forma. Talvez
nossa geração tenha uma das missões mais importantes do mundo: não deixar que a
vida real e os valores que foram construídos por milênios caiam no esquecimento.
Por fim, como diria o grande
humorista Renato Aragão, com sua personagem genial, Didi Mocó: "Assim como
são as pessoas, são as criaturas".
Não seja mais uma criatura no
mundo. Busque fazer a diferença.
Daniele Van-Lume Simões
24/01/17
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