Discurso na TV e panelaço. Combinação que o povo brasileiro tem
adotado com frequência. Chega a ser irônico, para não dizer patético, pessoas
abastadas batendo panela. Primeiro come-se o jantar, talvez até com filé
mignon, e depois se batem as panelas.
Ora, não estou querendo defender suspeitos de corrupção, nem
partido A, B ou C. Apenas acho interessante que investigações sobre sítios e
casas de praia rendam tantas matérias em jornais televisivos com notoriedade,
enquanto que um outro cidadão tem dinheiro para presentear uma criatura que nem
seu filho é com um apartamento na Europa, que custa 1 milhão e meio de reais. E
o mais espantoso - ninguém se pergunta de onde veio tanto dinheiro. Quanta
bondade! Ou será eu que sou maldosa?
Ninguém investiga, ninguém
comenta. Se brincar, ainda canonizam o cidadão por tamanho desprendimento aos
bens materiais. Enquanto o outro tem os bens fiscalizados, investigados
exaustivamente. Quem forneceu material para o sítio, quem decorou os imóveis,
que comprou o terreno, se brincar, até quanto custou o vaso sanitário. Um saco.
Enquanto isso, panelas de coleções exclusivas, com tampas de
vidro, compradas durante as férias em Miami, são batidas cuidadosamente
defronte às janelas de condomínios fechados em bairros nobres.
Sempre achei que quem poderia ter o direito de bater alguma
panela, seriam aqueles que as têm vazias. Aqueles que sentem fome. Aqueles
negligenciados pelo Estado ou por você, ou por mim. Acho que me enganei. Dessa
vez fui inocente. Esses dormem tranquilamente, após jantarem seu arroz com
feijão, de barriga cheia. Por enquanto.
02 de fevereiro de 2016
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