Há
muito tempo que ando incomodada com o LinkedIn. Na verdade, não com o LinkedIn em si, mas com uma parte dos usuários.
Esta ferramenta é utilíssima,
inclusive eu mesma posso comprovar: arrumei um emprego numa multinacional
americana através dele. Me acharam, me entrevistaram e eu aceitei. Experiência
enriquecedora.
O LinkedIn é uma espécie de
Facebook profissional, que você põe (ou deveria por) uma foto séria, descrever
suas competências e experiências profissionais e adicionar potenciais
colaboradores, seguir empresas, etc. No entanto, como diria um conhecido
meu: "O Brasil é um país bom, o que estraga são os brasileiros".
Depois de popularizar-se no
Brasil, é um tal de post com frase de auto-ajuda, testinho bobo de matemática,
ou pior, se quiser ir pro Canadá escreva "Yes". "Yes, we
can". Seria cômico, se não fosse trágico. Pessoas se adicionam, não
trocam meia palavra, e ficam lá, constando, colecionando números, sem utilidade
nenhuma.
A modinha dos testes
matemáticos passou (ainda bem!), mas a nova onda é falar mal de funcionário
público.
O desemprego tá foda no mundo
todo, a vida não tá fácil pra ninguém, mas acho um absurdo você desdenhar de
uma coisa que você não conhece nem vivencia. Vagabundo tem em todo canto,
seja na esfera pública ou na iniciativa privada.
Sou funcionária pública
federal, com muito orgulho, e trabalho no mínimo 8h por dia, sem contar os
cursos que faço para me aperfeiçoar profissionalmente (em menos de um ano, já
fiz três - sendo um deles na Johns Hopinks Bloomberg School of Public Health).
Tenho uma hora de almoço como todo mundo, e não três como alguns imaginam. Meu
salário é bom, mas tive que fazer doutorado pra isso, enquanto um vendedor pode
ganhar facilmente o que eu ganho sem ter que estudar no mínimo 12 anos. Vivo
participando de reuniões, algumas bem importantes, pois trata-se de definir
estratégias e ações de vigilância em saúde, que claro, envolvem dinheiro
público. O meu, do seu, do nosso dinheiro que pagamos para o governo como
impostos para retornar em assistência em saúde, prevenção de doenças e promoção
de qualidade de vida. Uma coisa é você contratar um serviço pra sua casa, outra
é para um país inteiro. E não ganho 1 real a mais pelo tamanho da
responsabilidade que tenho.
Vejo pessoas no LinkedIn,
geralmente da iniciativa privada com escolaridade e formação duvidosas,
desdenhando o funcionarismo público, chamando todos de desocupados, e afirmando
que só querem mamata e estabilidade.
Ora, mamata todo mundo quer,
nem venha me dizer que não. Quem não quer passar a vida viajando pelo mundo,
tomando um bom champanhe e comprando o que quiser?. Mas eu, pelo menos, não
tenho isso. Gosto quando meu dia é cheio, produtivo e assim, posso colaborar
com meu país. Já a estabilidade que tantos apedrejam é só uma característica do
cargo que tenho, não o motivo de eu estar nele.
Não seria pecado se eu quisesse
este cargo pela estabilidade apenas. Do mesmo jeito que alguns montam
empresas ou trabalham com vendas apenas visando o lucro - só que neste caso, o
cliente dane-se. Mas não foi o meu caso.
Uma pessoa que generaliza todos
os funcionários públicos como preguiçosos ou desocupados, numa rede
profissional internacional como o LinkedIn, só pode me fazer pensar quão
limitada é a capacidade intelectual desta pessoa, inclusive, com falta de
vivência e maturidade profissional. Com falta de respeito.
Se quiser ter seu negócio
respeitado, deve primeiro respeitar as diversas modalidades de cargo e
profissões, independente da iniciativa a que pertença. Quem é profissional de
verdade, é em qualquer esfera de atuação - pública ou privada. Competência não
nasceu de uma nem de outra.
Lamento muito que uma
ferramenta tão útil como o LinkedIn esteja sendo tão mal usada no Brasil,
fazendo com que profissionais sérios que estão em busca de novos parceiros e
negócios sejam prejudicados devido a um comportamento inadequado e infantil de
alguns poucos usuários, que estão ali mais para fazer fofoca, do que gerar
riquezas para o país.
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