Passamos a vida tentando
disfarçar. Quando crianças, tentávamos disfarçar quando fazíamos xixi na cama
ou o boletim (e nada adiantava, o castigo era o mesmo). Mais tarde, tentávamos
disfarçar as espinhas durante a adolescência com maquiagens, corretivos ou o
tamanho desproporcional das pernas com roupas largas ou a insegurança
disfarçada de mal-humor típico da fase... Mas de nada adiantava. Em seguida,
tentamos disfarçar as rugas, com arsenais de cremes, ácidos, potes para rosto,
pé, mão, corpo (ui, e rosto não faz parte do corpo?)... Disfarçamos a idade, os
quilos a mais que ganhamos com o tempo ou aquela celulite que não existia com
uma calça preta. Disfarçamos que os seios já não são mais os mesmos com sutiãs
com enchimento: "ah, é só uma esponjinha...". Tira a esponjinha para
ver onde vai parar. Disfarçamos sorrisos, olhares, até a nossa raiva, muitas
vezes - ou quase todas - disfarçamos quando alguém nos faz mal e engolimos em
seco. Mas parece que mesmo com tantos disfarces, tudo fica evidente.
Disfarçamo-nos no carnaval com
fantasias, sem culpa, mas é tudo disfarce, brincadeira, no carnaval pode. É
liberado. Brincamos com o sério também: Disfarçamos sentimentos, sejam bons ou
ruins... Olha que crueldade? E daí os disfarces se estendem aos dois beijinhos
no rosto em quem não gostamos, aos abraços que deixam de existir por puro
descuido, a apatia mesmo quando o mundo gira velozmente e te exige no mesmo
nível de velocidade.
A vida seria muito mais feliz
com mais beijos e abraços nas pessoas que são importantes pra nós, sem
disfarces. Disfarçamos o quanto ganhamos e o que conquistamos para evitar 'olho
gordo'. Disfarçamos a desconfiança nas pessoas ao esconder nossos princípios,
nossa opinião e nossa vida. É, disfarçamos também a inveja, chamando-a de
'invejinha branca'. Inveja é inveja. Branca, preta, azul, roxa com bolinhas
amarelas, não interessa. Admiração é outra coisa. Que também é disfarçada em
omissão porque nosso ego, às vezes, não permite que a demonstremo-la.
Disfarçamos até mesmo nossa fé
numa roda de céticos, quando damos a entender que desconfiamos da história da
nossa própria crença. Muito triste disfarçar até isso. Mas se tem uma coisa que
nunca conseguiremos disfarçar é o nosso caráter. Ele nos acompanhará, sempre,
em qualquer circunstância. O caráter não permite disfarces. Não a médio, longo
prazo. Na primeira impressão, sim, ele pode ser disfarçado, dissimulado,
escondido. Mas com o tempo, ele, o verdadeiro caráter, dará um jeito de aparecer.
Seja numa conversa, numa atitude, ou até num ato-falho. E aparecerá, nu, cru,
mostrando quem você é, para sua sorte - ou azar.
Daniele Van-Lume Simões 21/10/2016
Perfeito Dani.
ResponderExcluirFico feliz que gostou, Livia! Seja sempre muito bem vinda por aqui! Bjos! 😘
ExcluirAdorei meu amor.
ResponderExcluirÉ muito bom te ver feliz externando a pessoa maravilhosa que és, contribuindo com mensagens positivas, pois apenas isso nos faz crescer.
Amo você