quarta-feira, 15 de março de 2017

A descrença na solidariedade


Começo este texto com uma triste constatação: a crença na solidariedade morreu. Bateu as botas sem sequer agonizar.
Quantas vezes você tentou dar uma palavra de carinho e conforto a alguém, e foi mal interpretado? Simplesmente porque as pessoas perderam a fé umas nas outras. Acham logo que você vai querer algo em troca ou pior, acham que é falsidade mesmo.
Sou a rainha da má interpretação. Já disse várias vezes que meu negócio é escrever, porque expressar meus sentimentos com falas ou gestos nunca foi meu forte.
Uma vez, num emprego novo que arrumei, tentei ajudar uma colega me oferecendo para ir numa viagem num interior do NE, no lugar dela, pois a agenda de viagem da pessoa estava lotada. Pra que fui fazer isso? Meu Deus, se arrependimento matasse!
Fui na boa intenção e ouvi uma rebordosa dela, pois ela disse que eu passei as hierarquias, já que eu sugeri isso à nossa gerente na época. Ora, ela tinha o mesmo cargo que eu, entrou dois meses antes de mim e já estava reivindicando o posto de antiguidade do cargo? Pois é, pois foi assim mesmo. Ela virou minha inimiga número um do lugar, a ponto de nem olhar na minha cara. Numa discussão com essa pessoa, ela reclamou até do meu perfume! Hahaha haja uns 10 anos de terapia dela porque só Freud explica!!!
Hoje me divirto com isso, mas na época foi dose. Sofri, fiquei deprimida, mas como Deus escreve certo por páginas em branco, pedi demissão pois apareceu uma oportunidade melhor e na minha área de formação.
Aí, sonhadora que sou que quer salvar o mundo, passei por outras situações assim, de oferecer ajuda e ser mal interpretada. Ou até de oferecer só uma palavra de conforto e a pessoa, no auge do orgulho, deixar de falar com você.
Ainda sofro com esse tipo de atitude, mas hoje vejo que o problema não é meu. As pessoas não reconhecem mais a solidariedade. Acham que tudo na vida é interesse pessoal ou profissional. Acham que é falsidade, ou que vai vir um pedido de favor depois, ou que você tá só fazendo fita para sair bem na foto.
Tenho pena de quem pensa assim. Tenho pena de quem lê uma mensagem de apoio e ignora porque o orgulho ou a desconfiança falam mais alto. Tenho pena de quem julga mal sem conhecer a pessoa e o seu caráter. Ultimamente, tenho tido pena de muita gente.
Não sou melhor nem pior que ninguém. Sou cheia de defeitos. Mas eu ainda não perdi a fé nas pessoas. Eu acredito em perdão e abraço verdadeiros. Eu acredito na boa vontade de alguém que me escuta quando eu não tô legal. Eu acredito quando se oferecem para me ajudar sem eu pedir. Não fico pensando que a pessoa vai fazer fofoca do que contei nem que quer o meu lugar. Isso é paranoia.
Algumas pessoas dizem que eu sou ingênua, burra mesmo. Eu não ligo. Deixa eu ingênua no meu mundinho do que desconfiada demais no mundinho dos outros.
Meu mundo, certamente, é mais colorido.
Não deixe seu mundo na escala de cinza. A vida merece muito mais cores do que isso.



Daniele Van-Lume Simões  15 de março de 2017


2 comentários:

  1. Dani...vc sempre incrível nas suas palavras! Estou vivendo isso! A diferença é que sou ingénua e burra! Hahahahaha...

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