domingo, 12 de março de 2017

Matemática da vida


Hoje de manhã, numa conversa informal com meu esposo, ele falou uma coisa interessante: a maioria das pessoas multiplica por três tudo de bom que tem ou acontece para satisfazer seu ego e parecer melhor do que realmente é para a sociedade.
Vou explicar: se a pessoa tem um milhão no banco, diz que tem três para parecer mais rica. Se a pessoa lidera 300 pessoas no trabalho, diz que lidera quase mil, para parecer mais forte. Se a pessoa tem 3 mil cabeças de gado, diz que tem nove, para parecer mais poderoso. E por aí vai. É quase como uma constante numa equação, multiplicar por três está virando obrigatório num mundo de aparências.
Neste mundo de aparências, aumentar o fato faz ganhar notoriedade. Aumentar o feito faz ganhar prestígio. Aumentar as coisas boas que acontecem faz parecer bem-sucedido, uma pessoa de sorte. Um felizardo. E quem não quer ser amigo de alguém com prestígio, sorte, sucesso e feliz?
É uma preocupação em parecer feliz, em dar satisfação sobre o que faz, o que se come, o que se bebe, o que veste, o que possui, aonde foi, para onde viajou. É uma preocupação constante em fazer parecer real o "vezes 3". É uma preocupação em aumentar tudo o que acontece em sua volta.
É, na verdade, uma matemática mesquinha, medíocre.
Por que em vez de multiplicar, você não passa a dividir?
Dividir seu tempo com quem precisa de atenção ou cuidado, dividir sua comida com alguém que está com fome, dividir um bom dia, dividir uma boa notícia, dividir uma música nova, dividir um pedaço de chocolate com a amiga em TPM, dividir o carro dando uma carona para os colegas que não têm, dividir a vida com alguém que ame de verdade, dividir um conhecimento novo, dividir um conselho amigo, dividir suas roupas que não te servem, dividir sorrisos e boas energias. Dividir fé.



Quando passamos a dividir coisas boas, aí sim, entra a multiplicação. Sabe aquele ditado: "Que você tenha em dobro tudo o que me desejas"? Pois bem. Quando dividimos o bem, sem saber, também o multiplicamos, porque as pessoas com quem dividimos passam a replicar o que receberam. E assim as boas ações são perpetuadas.
Infelizmente, na escola, nos ensinam primeiro a multiplicar e só depois a dividir. Talvez, essa ordem devesse ser alterada para que criemos cidadãos de bem e pessoas dignas, que entendam dos verdadeiros valores da matemática da vida tanto quanto entendem da matemática da prova.

Daniele Van-Lume Simões    12 de março de 2017


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