domingo, 23 de abril de 2017

Quem bagunçou, que arrume!

Dia 28 de abril estão marcando uma paralisação geral no país. Conversando com uma amiga, comentei que não iria aderir. Não é que não seja patriota, sou sim, muito. Tanto que não bati panela quando o desemprego estava na margem dos 4% ao final de 2015. Não bati porque eu sabia que podia piorar a situação do meu país e dos brasileiros se o fizesse.
Não vou aderir porque fui ensinada pela minha mãe que se eu bagunçar, eu tenho que arrumar. E a culpa da bagunça não é minha.
Não tínhamos a melhor política e a melhor economia do mundo, por conta da corrupção desenfreada que assola esse país, mas também não tínhamos o caos de uma política neoliberal que está sendo implantada às custas da miséria de muitos. Essa política está acabando com direitos, com a esperança, com o Brasil. E o pior é que as pessoas pediram por ela. Em vez de pato inflável na frente na câmara, deviam colocar agora um jumento.
Essa política neoliberal quer atrair investidores estrangeiros, baixando os juros e a inflação, dando a ideia de um local seguro para investir. Ledo engano. Não sou economista, mas vivencio todo dia o sufoco que o brasileiro tem passado para (sobre)viver - e que infelizmente ele mesmo procurou. Bater panelas gera consequências. Engraçado é que ninguém pensou nisso. Rico só vai para protesto se for para voltar a ter benefícios em cima dos mais pobres, ou ninguém aqui sabia disso? Você acha que tomar champanhe na Paulista era comemorando o que? A vitória do Timão?
            Desigualdade social é que gera oferta de mão de obra barata, é que faz alguém aceitar um salário de fome e ainda fazer o melhor para não perder o emprego. É que faz a dondoca emergente ter 4 empregadas domésticas e tratá-las como escravas, mesmo após 150 anos da abolição. Rico no Brasil só protesta para melhorar sua vida e seus negócios e não da população em geral. Acho que agora a classe média aprendeu a lição.
A imprensa noticiar como sendo uma coisa boa que a inflação está baixa é chamar a pessoa de idiota. Inflação é o índice mais fajuto que existe para medir a economia. A inflação baixa não quer dizer nada. Ela pode estar baixa porque as pessoas não têm dinheiro para comprar os produtos e os produtores/vendedores são obrigados a baixarem o preço para não encalhar o estoque e para não ter mais prejuízos. Lei da oferta e procura, quanto menor a procura, maior a oferta e menor o preço/menor a inflação - simples assim.
Já o desemprego atinge hoje 13% da população economicamente ativa, quase 13 milhões de brasileiros. No final de 2015 eram 4% e acharam ruim e protestaram. É meu caro, já dizia a primeira Lei de Murphy: “Não há nada tão ruim, que não possa piorar”.
Hoje, não vou participar de protestos, como não participei em 2014, 2015, 2016. Vou continuar meu trabalho, com a minha vida, honestamente e aguardando as próximas eleições - muito embora saiba que vivemos num parlamentarismo disfarçado e o voto não significa lá grandes coisas.
Mas não abro mão do meu direito de ficar quieta. Quem provocou essa bagunça, que arrume a casa agora – já dizia minha mãe.

Daniele Van-Lume Simões    23 de abril de 2017


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