quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Meu codinome beija-flor


Quase ninguém sabe, mas eu tenho um codinome, talvez um alter ego. Escrevo textos polêmicos, às vezes, e sou assim, intensa. Me protejo neste codinome.
Muitas vezes quis ir embora, bater a porta, me atirar no mundo. Ir para algum lugar que o idioma fosse algo mais próximo de grego com a comida mais próxima da Itália. Não entender o que os outros falam pode ser desesperador, mas também libertador. Você não precisa se fazer entender - e é aí que mora a mais genuína e verdadeira liberdade.
Quis ir-me embora para Pasárgada inúmeras vezes, principalmente quando vejo coisas que não queria ter visto, passo por situações que não queria ter passado ou fiz algo que não quis ter feito - como magoar alguém que gosto, por exemplo. Mas isto é o mundo ideal, é a Parságada que não existe, não é a Grécia com uma bela pizza de muçarela... Porque aqui, na real, as coisas são muito mais complexas e difíceis do que podíamos imaginar. Mais do que fazer caligrafia do alfabeto grego de trás pra frente.
Então, minha Parságada tornou-se não um lugar físico, mas um lugar que me transporto, me fecho, me protejo, através das letras, das palavras escritas. Das minhas - e tão minhas! - crônicas. Tão minhas e tão suas, que as lê - na mesma proporção. Palavras silenciosas, mas cortantes. Profundas muitas vezes mais que um grito ou uma lágrima. Minha Parságada existe em mim.
Na minha Parságada, sou livre. De amarras, preconceitos, de scarpins, de regras - seja na comida, na bebida, no palavrão ou na maquiagem cor bege claro com contornos escuros e batom nude cor de nada.
Blah. Que tédio do mundo, às vezes. Então eu fujo para lá. Ou melhor, para cá. E escrevo, escrevo, escrevo... Até o sono vir ou a inspiração acabar. Até ficar saciada em fugir para minha Parságada particular.
E da Luz, por razões mais óbvias: meu sobrenome Van Lume significa isso. E é como se sempre houvesse uma luz no fim do túnel - e há. Em Parságada ou aqui, agora, na realidade.
Parságada da Luz. Este é meu codinome beija-flor.

Daniele Van-Lume Simões/Parságada da Luz (07 de dezembro de 2016)


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