sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Promessas para 2017 e a vida real


Todo fim de ano é a mesma coisa. Prometemos fazer uma dieta equilibrada, malhar regularmente, ir ao médico duas vezes ao ano e ao dentista uma vez, pôr em dia os exames, ler dois livros por mês, iniciar aquele hobby que faz brilhar os olhos, fazer mais doações, ser mais paciente, ganhar mais dinheiro, dormir 8h por dia, enfim colocar algumas coisas nos eixos e dar uma guinada na qualidade de vida.
Mas poucos são os que conseguem cumprir todas as promessas. Eu sou uma delas. Prometemos coisas que, muitas vezes, não se encaixam na nossa rotina, seja por falta de tempo ou de vontade mesmo. Prometemos muitas coisas para iniciarem ao mesmo tempo. Prometemos coisas que o acaso ou imprevistos não vão nos deixar cumprir. Prometemos a vida que queríamos ter, mas sabemos que a vida que temos é agora. O amanhã não temos certeza dele. Plantamos para colher os frutos, mas se vier uma geada... Plano B.
Então resolvi fazer diferente: em vez de prometer muitas coisas ao mesmo tempo, vou prometer apenas três e classificá-las de acordo com a dificuldade de realização. Fácil, média e difícil.
Começarei pela fácil: pôr em dia os exames. Na verdade, apenas os de sangue, vejam só, logo eu que sou biomédica! São esses que estão atrasados. Basta um telefonema para marcar, 40 minutos no laboratório e está resolvido. Eu, como profissional de saúde, não posso negligenciar a minha própria - seria muito contraditório. É como um cardiologista obeso e fumante, ou um dentista banguela. Você confia? A sua profissão começa em você e nos seus hábitos, crenças e atitudes. Só assim você poderá estender aos outros.
Depois dos exames feitos, partirei para a média dificuldade: malhar regularmente. Mas não em academia (odeio). Em casa mesmo. Tenho uma esteira e que vou usá-la pelo menos três vezes por semana antes que vire um cabideiro. Sair para caminhar, pode chover. Academia nem pensar, eu não suporto o clima fútil que a grande maioria tem. Já uma esteira em casa, eu posso caminhar até à meia-noite, basta parar com a inércia, por um tênis e ligá-la. 30 minutinhos, 2,5 km e pronto. O coração agradece.
E com essas duas metas sob controle, aí sim partirei para a mais difícil: não, não será dormir 8h por dia, porque essa para mim é impossível, nem levar uma alimentação equilibrada, pois já comecei uma reeducação alimentar a duas semanas e não tenho dificuldade de comer nada. A mais difícil de todas será consumir apenas o necessário. Dei-me prazos para não comprar cosméticos, nem roupas nem sapatos em 2017. Não vou dizer quais, para não passar vergonha depois. Tenho muitos deles e doei vários nesse último mês, que ou já não cabiam ou eu não usava. Liberei espaço na minha vida e no meu armário. E que alívio!
Ainda no quesito difícil, vou comprar para casa apenas o necessário, evitando desperdício de alimentos, de água, de insumos de limpeza. Quantas coisas nós jogamos fora porque estragam. Evitar deixar luzes acesas sem razão e sempre fechar a torneira ou o chuveiro quando não estiver usando. Isso eu já faço na maioria das vezes, mas posso fazer mais e sempre.
Enfim, tentar levar uma vida um pouco mais sustentável - tanto pro meu bolso, quanto e principalmente para o planeta. Acho que esse será o meu maior desafio.
Nessa meta difícil, não tenho intenção de acompanhar modismos pseudocults para aparecer. Não sou vegana/vegetariana, adoro um bom churrasco, mas tenho evitado comprar cosméticos de empresas que testam em animais, por exemplo, ou comer carne todos os dias. São pequenas atitudes que fazem bem pra sua saúde, sua consciência e todos à sua volta. Efeito borboleta.
E por que essa meta difícil? Primeiro porque tenho andado saudosista da minha infância e era uma época que não tínhamos tanta oferta de produtos, mas vivíamos bem e éramos felizes. Viver de uma forma mais leve, consciente e harmônica, esse, sem dúvida, será o desafio do ano. E espero cumpri-lo com louvor. Segundo, porque falamos muito em sustentabilidade, mas praticamos pouco. Só que temos que ser realistas e escolher atitudes que temos como cumprir, senão vira um discurso hipócrita. Não adianta querer fazer tudo ao mesmo tempo. Eu, por exemplo, não tenho como ir para o trabalho de salto, montada na maquiagem e de bicicleta num calor de 30 graus de Brasília. Veja sua realidade e adeque-se em hábitos que podem ser corrigidos ou modificados dentro da sua rotina. Tudo que foge demais da rotina, tende a fracassar e causar frustração. E é essa frustração que convivemos todo final de ano quando nos damos conta que não cumprimos o que prometemos para nossa vida. Esse é o segredo do sucesso no cumprimento das metas.
Mas vamos começar com as dosagens de glicose, colesterol e triglicerídios primeiro... Step by step, like New Kids on the Block (fundo do baú).
E você? Já pensou nas suas metas?

Daniele Van-Lume Simões       30 de dezembro de 2016


Nenhum comentário:

Postar um comentário